Vendo o átomo
Na segunda metade da década de 70, o departamento de
metalurgia possuía um microscópio eletrônico capaz de amplificar 2 milhões de
vezes. Era o top de linha na época. Trabalhava com a reflexão de um feixe de
elétrons sobre uma superfície metálica polida. Apresentava o resultado em uma
tela similar a uma TV em preto e branco.
A aparência da superfície metálica era semelhante a uma paisagem lunar
cheia de cânions. Bem impressionante de
ver.
Quando eu estava assistindo a esse experimento, o operador
do equipamento me contou que, naquela semana, eles haviam recebido a visita de
uma autoridade importante. Quem fez as
honras da casa foi o vice-diretor que explicou ao ilustre visitante as
características do microscópio. Quando a
imagem dos “cânions” apareceu na tela, o preletor exclama: “Excelência, ali
estão os átomos” !!!
Fiquei estupefato e com dificuldade em acreditar no que acabara
de ouvir, perguntei ao técnico do laboratório: “e o que o visitante disse?”. Ele não falou nada, nem sei se acreditou ou
não, replicou o meu interlocutor.
Esse é um exemplo de pessoas que assumem cargos de chefia
por outros meios que não a competência. De
um modo geral, quando percebemos que estamos sendo chefiados por idiotas,
acabamos por confundir a pessoa com a instituição. Isso cria um ambiente de descrédito institucional
muito danoso ao moral da equipe e individual.
É claro que não espero que, em uma organização com
múltiplas áreas de conhecimento, seus líderes entendam de tudo com
profundidade. Entretanto, o mínimo que
se espera é que se preparem para fazer uma apresentação, ainda mais diante de
uma autoridade. Bastaria procurar os
especialistas e se instruir com eles ou, talvez, deixá-los falar.
Àquelas alturas, quem precisaria de prêmio Nobel se tínhamos quem enxerga átomos.
Pessoas erradas no lugar errado... tomara que tenha sido apenas para aparecer.
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