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Mostrando postagens de junho, 2022

PORRADA – parte II

Passei aquele fim de semana tentando entender o porquê da fúria de Gervásio contra mim.  Eu não havia mandado a parte contra ele e nem mencionado o seu nome nela.  O único vínculo existente era que que Writer, o motivo da parte, era seu funcionário e eu não sabia.  Ainda assim, isso não justificava tanta agressividade e ameaça. Na segunda-feira seguinte ao episódio, logo após o almoço, conforme Temístocles havia me assegurado, Gervásio apareceu na minha sala.  Eu não o conhecia pessoalmente, por isso, demorei alguns segundos para ter certeza de quem era. Ele entrou cabisbaixo, com um semblante sombrio e olhou em direção à minha mesa de trabalho.  Em seguida, disse que haviam lhe dito que eu gravara a conversa que tivemos. Então, entendi porque ele olhava para minha mesa.  Havia um grande gravador ao lado do telefone, onde eu escutava minhas fitas cassete.  Sempre estudei ou trabalhei ouvindo música.  A presença do gravador tinha essa finalidade.  Não gravar conversas. Eu disse,

PORRADA – parte I

Após a implantação do RJU em 1990, os funcionários do IAE só poderiam ser contratados através de concurso público, que só veio a acontecer em 2001.   Enquanto isso buscou-se outras maneiras de agregar a mão de obra necessária, ainda que de forma provisória. Foi nesse contexto que surgiu a possibilidade de bolsas do CNPq para apoio técnico.   Foi colocado, como responsável por providenciar isso junto ao CNPq, um engenheiro que já estava perto da aposentadoria chamado Whiter (nome fictício). Fiquei bastante empolgado com a oportunidade e imediatamente preenchi todos os formulários necessários (e eram muitos) e encaminhei para Whiter, esperando que em algumas semanas tivesse a resposta. Passados 2 meses, procurei Whiter pra saber do andamento do meu processo.   Foi quando soube que Whiter tinha tomado aquela atitude asquerosa que todo burocrata estúpido gosta de fazer – estava aguardando todos entregarem para encaminhar tudo de uma vez.   Ou seja, igualando os últimos aos primeiros

O “J”ênio

Em uma terra nada distante, Inácio tinha uma vida difícil.   Devido a um defeito congênito, tinha um braço troncho não funcional.   Um certo dia, estava procurando garrafas em um lixão quando encontrou um objeto estranho.   Parecia uma garrafa mas, ao mesmo tempo, se assemelhava a um jarro.   Podia ver nele uma inscrição feita em letras manuais de estilo muito antigo mas que conseguiu identificar: Não abra!   A curiosidade aliada ao fato de querer avaliar se a tal garrafa teria algum valor, ela a abriu.   Dela saiu um gênio!!   O gênio saiu um tanto assustado e sonolento.   Na verdade, tinha cara de retardado.   Fitou atentamente Inácio e disse: ora já que você me libertou, vou lhe conceder um desejo. Inácio lembrou-se das histórias de gênios em garrafas e que costumavam realizar 3 desejos.   Não reclamou tratar-se de um único desejo, afinal era seu dia de sorte.   Disse, então para o gênio: quero ficar com meus dois braços iguais. Zumm! Imediatamente ficou com os dois braços tro

A.R. Tentando Entender

Após o primeiro dia de trabalho na Almaz, precisávamos aprender a ir por nós mesmos de metrô.   Fomos acompanhados (na verdade escoltados) até a estação por um sujeito magrelo, com cara de poucos amigos.   Nosso intuito era primeiro passar na embaixada brasileira para nos apresentar e sabíamos qual estação ir.   Então me dirigi à bilheteria e fiz sinal de V com os dedos e disse “dvá” (2 em russo).   O tal “acompanhante” interferiu, com uma cara brava, fazendo um sinal de negação e disse “adin” (1 em russo).   Eu me virei pra ele e disse “dvá” e novamente fez um sinal de negação e repetiu “adin”!   Ele estava me dizendo que eu só precisava de uma passagem, porque estaria comprando duas ? Fiquei tentando entender .   Será que ele não percebia que isso me economizaria de entrar na fila desnecessariamente ?   Será que ele julgava que fosse errado comprar mais do que o necessário ? Independente da resposta, ia ficando claro pra mim que aquela sociedade vivia recebendo ordens que não pod