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Mostrando postagens de setembro, 2020

A Lenda do Banco Pintado

Esse episódio me foi contado como um fato acontecido em algum quartel do Exército Brasileiro.   Entretanto, com o passar dos anos comecei a achar que se trata de uma lenda.   Ainda assim , seu ensinamento é tão importante que passo a narrar aqui. Na guarita de entrada de um certo quartel, havia um banco onde os soldados de sentinela poderiam ficar sentados durante seus turnos.   Como o tal banco ficava exposto à intempérie, o comandante do quartel mandou pintá-lo e deu ordem para que ninguém sentasse no banco até que a tinta secasse.   Essa ordem foi transmitida ao comandante da guarda que anotou na ordem do dia que era proibido sentar no banco.   No dia seguinte, o novo comandante da guarda transcreveu as mesmas ordens para seus soldados e assim sucessivamente. Reza a lenda que o banco apodreceu ao relento sem que jamais tenha sido usado pois todos sabiam que era proibido sentar no banco.   Ninguém nunca questionou o porquê de ser proibido sentar no banco.   Se havia algum motiv

Botão de Emergência

  Quando comecei a trabalhar no projeto Roland fizemos diversos cursos de treinamento de operação do sistema.   Havia em nossa equipe um engenheiro mecânico que era conhecido carinhosamente como Dr. Silvana (aquele vilão do Capitão Marvel). O veículo que transportava os mísseis – PANZER – era totalmente blindado, como todo tanque de guerra deve ser.  Seu enorme motor tinha uma tampa de aço de uma polegada de espessura e pesava quase uma tonelada.  Caso o motor pegasse fogo seria impossível abrir a tampa do motor para prestar algum socorro ou impedir uma explosão.  Então havia um sistema de emergência feito com fortes molas que permitiam abrir a tampa em poucos segundos.  A abertura desse sistema era pirotécnica.  Ou seja, havia um explosivo posicionado na tranca da tampa para rompê-la de forma a liberar a ação das molas. Esse sistema de emergência era acionado por um grande botão vermelho que ficava no topo do painel do comandante do Panzer, o “chef de pièce”.   Aconteceu que, du

Urubu Malandro

Em 1980 ainda no projeto Roland (que era um sistema de mísseis terra-ar), precisávamos de treinamento operacional do sistema de armas fazendo acompanhamento de alvos.  O mais óbvio era pedir que a FAB fizesse alguns sobrevoos sobre a Restinga da Marambaia.  Entretanto, isso seria uma operação muito cara segundo o chefe do projeto, o Coronel Asdrúbal (*nome fictício).  Asdrúbal, então, teve uma grande idéia.  Solicitou a Escola de Comando e Artilharia de Costa EsCosAAe, por empréstimo, um de seus VANTs – veículo aéreo não tripulado.  Esses VANTs eram usados nos treinamentos de tiro, ao puxar um biruta que seria o alvo da artilharia antiaérea.  Ele seria, então, utilizado como nosso alvo de rastreamento. Havia entretanto um problema.  Naquela época, os VANTs eram operados apenas visualmente.  Ou seja, o operador do VANT precisava vê-lo para controlá-lo.  Isso limitava o tamanho do percurso e da manobra que o nosso “alvo” poderia executar.   Asdrúbal aprimorou sua ideia.  Propôs que o s

Tudo Conforme Combinado

Em 1981 deixei o projeto Roland e fui trabalhar no ATTMM (Aquisição de Tecnologias em Teledireção e Materiais de Mísseis).   Começamos com a necessidade de se colocar telemetria a bordo dos foguetes que o Exército lançava no Campo de Provas da Marambaia.   O objetivo era colocar um sistema de controle a bordo para diminuir a dispersão daqueles foguetes. Havia uma dificuldade adicional.   Os lançamentos só poderiam ser feitos à noite, após cessar os voos da ponte aérea Rio-São Paulo. Produzimos um circuito eletrônico para ser embarcado.   Olhando com a maturidade de hoje, vejo o quão amador aquilo tudo era.   Na época, entretanto, era o melhor que conseguíamos.   Havia também a equipe de mecânica que, deveria montar uma nova ogiva no foguete, em substituição da original (que era explosiva).   Dentro dessa nova ogiva iria a nossa eletrônica. Quando chegou o dia do lançamento, o ambiente estava em stress extremo.   Várias coisas estavam apresentando falha e estávamos realmente duvid