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Mostrando postagens de novembro, 2022

TREINAMENTO REALISTA

Em 1980, ainda no projeto Roland, fui designado para ser responsável pela manutenção de um simulador de combate que ficava na EsACosAAe - Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea.  O sistema era fantástico, principalmente levando em conta a tecnologia da época.  Não havia nada computacional. Era tudo feito com eletrônica analógica. O soldado entrava em um ambiente (literalmente uma caixa) que imitava o posto de tiro, onde ele poderia ter uma visão da área externa a ser defendida.  Essa paisagem era escolhida (haviam várias) entre os cenários de guerra na Europa, através de fotos de 360 graus.  Esse “ponto de defesa” seria atacado por diversos tipos de aeronaves com diversas manobras de ataque, que apareciam na imagem do cenário.  Tudo muito real.  O atirador, então, deveria ver o alvo e fazer o disparo do míssil, que aparecia na tela como um ponto de luz.  Como o míssil era tele-guiado, era necessário continuar rastreando o alvo até que fosse atingido.  Se atingisse o alvo, esse desap

O ALEIJADO

Em agosto de 1995 estive pela primeira vez em Pequim para participar de uma Conferência da Federação Internacional de Controle Automático IFAC.  Geralmente, essas conferências providenciam alguns passeios com os participantes.  Além de divulgação turística e cultural, têm como objetivo principal a interação entre os pesquisadores. Estávamos dentro de um ônibus que sairia do local da conferência para visitar a Grande Muralha e havia uma guia muito eloquente que explicava o que deveríamos encontrar.  Ela também estava aberta a perguntas e logo perguntaram sobre o massacre da Praça da Paz Celestial que havia ocorrido alguns anos antes (1989).  Ela deu a explicação oficial, obviamente. Foi quando um participante da conferência - Coreano - resolveu mudar o rumo das perguntas.  “Fale-nos como é que as moças chinesas namoram” disse ele, claramente chavecando a guia, que era uma chinesa esguia e bonita. A moça deu um sorriso enigmático e começou sua explanação: “aqui na China nós mulheres valo

A PROFETISA

Em meados de 1995, chegava eu pela manhã no IAE para trabalhar.   Quando, cruzei com Jade (nome fictício), ainda no estacionamento em frente ao prédio.   Eu a conhecia de vista pois trabalhávamos no mesmo prédio e na mesma divisão.   Entretanto, nunca havia trocado uma única palavra com ela.   Jade olhou para mim e disparou: “sonhei com você!”   Parei imediatamente diante de tal declaração.   Ela também percebeu que se tratava de algo que só se deveria dizer para um amigo e não para um total desconhecido e tentou remendar:   “não que eu pense em você.   Eu nunca penso em você!”   Achei engraçado a colocação e para descontrair a situação brinquei: “poxa também não precisa sacanear, né ?” Ela sorriu e disse:   “sério! sonhei que lhe via recebendo um cheque com um valor muito alto e pensava como o Waldemar ganha bem”.   Só podia ser sonho mesmo, repliquei.   “Meu salário é igual ao dos demais aqui e é muito baixo”.   Então ela perguntou: “você está para receber algum dinheiro ?”.   Nã