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Mostrando postagens de setembro, 2023

SABOTADOR

  A missão a ser realizada no terceiro voo do VLS era diferente dos outros 2 anteriores.   Nos Voos 01 e 02 a trajetória era praticamente plana para o norte, enquanto para o voo 03 deveria fazer uma manobra para o sul.   Essa manobra seria uma virada de em torno de 20 graus e isso não seria permitido medir com a plataforma inercial que controlava o veículo. Eu propus então uma solução que chamei de azimute virtual (foi publicado em congresso internacional).   Era uma maneira de “enganar” a plataforma inercial ao informá-la que estava saindo de -10 graus em vez de zero e com a manobra de +20 chegaria a +10 graus.   Ou seja, tudo dentro da faixa de medida do sensor.   Essa estratégia não apenas foi explicada para a gerência do projeto como foi exaustivamente ensaiada em simulação digital e hardware-in-the-loop.   Funcionava perfeitamente. Durante a campanha de lançamento (agosto de 2003) apareceu um problema na inicialização da plataforma inercial.   Posteriormente, descobrirmos trat

CUMPRINDO MINHA OBRIGAÇÃO

  Após a entrega contratual das plataformas inerciais, a empresa Russa que as produziu nos comunicou que não teria mais condições de fornecimento.   O motivo alegado era o desmantelamento do parque industrial que era utilizado para produzi-las.   Assim, achar um outro equipamento para o VLS era mandatório. Como responsável pelo sistema de controle, comecei a procurar em empresas europeias alguma que pudesse nos fornecer.   Uma delas era a SFIM francesa que produzia uma plataforma inercial baseada em tecnologia de fibra ótica (a plataforma russa era totalmente mecânica). Em julho de 2001 eu fui convidado para dar uma série de palestras na pós-graduação da Universidade de Glasgow, durante 2 semanas.   O representante brasileiro da SFIM, sabendo disso, agendou que eu pudesse ir até Paris durante o fim de semana entre as palestras para conhecer in loco o equipamento oferecido.   A viagem foi totalmente custeada pelo British Council / FAPESP e a ida a Paris  pela SFIM, sem nenhum preju

A. R. – no covil da Máfia

Em 1999, Lapin, o então diretor da empresa que nos havia vendido as plataformas inerciais para o VLS, propôs transferência de tecnologia para esse tipo de equipamento.   Segundo ele, não exatamente o equipamento que nos fora fornecido pois era de uma tecnologia antiga.   Seria algo mais moderno para o qual não tínhamos conhecimento. Na minha estada em Moscou, Lapin propôs que eu me encontrasse com a pessoa que seria o principal líder no fornecimento da tal tecnologia.   Eu aceitei, animado com a possibilidade de acesso a alguma tecnologia de ponta ou mesmo secreta. Após o almoço, Lapin me pegou em seu carro particular e fomos para um endereço desconhecido.   Até aí, nenhuma novidade.   Era comum não comentarem nada do que estavam fazendo ou mesmo do que seria feito.   Tudo sempre foi muito misterioso no relacionamento com aquela empresa.   Naquele dia passou dos limites. Chegamos em frente de um prédio estranho.   Ao mesmo tempo que tinha o aspecto de um centro de atrações, era t