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Mostrando postagens de maio, 2021

MAU BRASILEIRO

  Pelo meio da década de 80 ainda não tínhamos um sistema bancário informatizado como temos hoje.   Tudo era resolvido nos “caixas” através de filas que tomavam um tempo enorme.   Como eu já mencionei antes, o CTA funcionava como uma minicidade independente com suas próprias agências bancárias dentro de seu campus (na época haviam 4).  A maior agência era a do Banco do Brasil onde eu tinha minha conta.  O fato de ser exclusiva dos funcionários e moradores do CTA, não a eximia de desgastar seus correntistas com filas enormes.  Evidentemente, o tamanho da fila dependia do dia em que acontecia – se havia algum pagamento ou outro evento específico. Não lembro o que tive que fazer naquele dia no BB.  O fato é que a fila estava quilométrica.  Sempre me inquieto muito nessas horas não apenas devido ao tempo que se irá perder ali mas, principalmente, devido a um fenômeno social horrível – o fura fila.  Estava eu pacientemente em pé, do lado de fora do prédio (pra se ter idéia do tamanha

NÃO POSSO FAZER NADA

  Na década de 80 era comum tirar fotocópias de tudo (chamávamos de tirar um xerox).   O IAE disponibilizou uma de suas grandes máquinas fotocopiadoras para uso dos funcionários, pagando um valor justo pelas cópias.   Encontrei um livro na biblioteca do INPE, que seria de interesse no trabalho, e que não era mais comercializado.   Como eu e mais 2 colegas nos interessamos, decidimos tirar cópia do tal livro. Me dirigi ao setor que fornecia o serviço de cópias e falei com a secretária encarregada do assunto – vou chamá-la de Ambrósia.   Era uma segunda-feira e Ambrósia me informou o valor de cada cópia.   Também disse que ficariam prontas na quinta-feira. Envolvido com o trabalho, só fui buscar as cópias na segunda-feira seguinte.   Ambrósia já estava com o calhamaço de cópias me esperando, me informou o valor total.   Eu lhe fiz um cheque e peguei o pacote.   Nesse segundo em que peguei o pacote, minha mente treinada em fazer contas, rapidamente percebeu que o valor cobrado não c

COMPUTADOR PART-TIME

  Em 1985, para os trabalhos de pesquisa, ainda não havia os computadores pessoais (PCs) que pudessem dar conta da demanda de cálculo.   Havia sim terminais remotos a um grande computador central que se costumava chamar de main-frame.   O IAE tinha um computador “ main-frame ” que deveria atender à essa demanda.   Eu digo deveria porque não atendia, devido aos seus frequentes defeitos e falhas de comunicação com os terminais remotos.   Assim, era mais comum que utilizássemos a conexão com outro main-frame que ficava alguns quilômetros distante, em outro instituto - o IEAv (Instituto de Estudos Avançados).   Esse embora mais lento devido à distância, funcionava normalmente. Demorou um pouco para que eu percebesse o motivo.   O main-frame do IAE, todos os dias, era desligado ao fim do expediente e religado na manhã seguinte.   Como os main-frames deveriam ficar sempre ligados, aquele era um computador part-time .   A justificativa para tal é que não havia funcionários para ficar f

SOPRO CARDÍACO

  Em meu primeiro dia no IAE, além de ter sido apresentado a alguns colegas, fui fazer exames médicos admissionais.   O CTA era uma pequena cidade dentro da cidade de São José dos Campos.   Mantinha dentro de seu campus praticamente todas as atividades necessárias à vida cotidiana, inclusive um centro médico, onde fui fazer os exames. De forma objetiva, preenchi um questionário sobre minha saúde, fiz exame de sangue, tirei um raio-x do pulmão (falava-se tirar uma chapa do pulmão) e mediram minha pressão.   Voltei para o IAE e trabalhei normalmente aquela semana, aguardando a sexta-feira para voltar para o Rio (minha família só mudaria em 1 de junho). Entretanto, na quinta-feira, a secretária me avisou que eu deveria voltar ao setor de saúde para maiores exames.   Isso me deixou perplexo e preocupado.   O que descobriram nos meus exames ?   Que problemas eu teria que não sabia ?   Será que isso poderia impedir minha contratação ? Na sexta-feira, logo pela manhã, me apresentei no p

MUDANÇA

  29 de abril de 1985 foi meu último dia de trabalho no IPD/CTEx em Guaratiba.   Era uma segunda-feira e foi uma despedida melancólica.   Ao descer do ônibus que transportava o pessoal do CTEx pela via Grajaú-Jacarepaguá, eu levava nas mãos uma sacola de couro com meus últimos pertences e uma sensação estranha de deixar para trás algo que já estava me fazendo mal havia algum tempo.   Eu gostaria muito que tivesse dado certo mas eu tinha visto o suficiente para saber que não daria. Eu ganhava muito pouco.   Era obrigado a dar aulas à noite na Universidade Gama Filho, para poder sustentar minha família (meu primeiro filho estava com 2 anos).   Tinha que viajar, todos os dias, 3 horas (ida e volta) através de estradas sinuosas que estavam prejudicando minha saúde.   E, principalmente,embora eu gostasse do que fazia, não via nenhuma perspectiva para aquilo.   Na verdade, parecia um tipo de terapia ocupacional. Não sei como aguentei tanto tempo.   Acho que foi na expectativa de que aind