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Mostrando postagens de dezembro, 2020

Despreparado

Em 1983 o gerente do projeto ATTMM decidiu comprar um computador analógico de última geração - EAI-2000.   Fui última geração mesmo pois, depois disso, os computadores analógicos foram substituídos pelos algoritmos de cálculo discreto através dos computadores digitais. Fui designado para fazer o curso de operação do EAI-2000 nos Estados Unidos.   Embora tivesse completo domínio de programação desse tipo de simulador (tive uma cadeira específica na graduação do IME), procurei me preparar para o curso.   Ficamos sabendo que já havia outro EAI-2000 no Rio de Janeiro.   Ficava no CENPES e era de propriedade da Asea Brown Bovery.   Lá havia um enorme laboratório onde era simulada a linha de transmissão da usina de Itaipú. Quando eu estava para embarcar para Nova York (minha primeira viagem ao exterior) encontrei, no aeroporto, um Engenheiro da ABB que estava também indo para a EAI (Electronic Associates Inc.).   Conversamos sobre o que cada um iria fazer lá e ele me disse que haviam lhe

Souvenir mortal

Em 1979, pouco tempo depois que eu estava trabalhando no Campo de Provas da Marambaia, visitei sua estação de telemetria.   Era um pequeno prédio que ficava dentro da mata típica da restinga e que distava uns 600 metros da praia. Logo que adentrei ao prédio, fomos recebidos pelo Tenente Tertuliano (nome fictício).   Enquanto ele nos explicava as funções daquele setor, notei sobre sua mesa algo inusitado – uma bala de canhão toda envernizada.   Não era uma maquete, era uma bala verdadeira e que já havia sido disparada pois havia diversos arranhões, cortes e marcas em sua superfície.   Talvez tivesse uns quarenta centímetros de comprimento por 12 cm de diâmetro. Não me contive e fiz um comentário irônico: caramba, que peso de papel grande !!   Acho que Tertuliano já esperava algum comentário e passou a nos contar a história do seu souvenir. Fazia algum tempo (não lembro quanto tempo foi) Tertuliano estava sentado em sua mesa ali mesmo no prédio da telemetria.   A Marambaia testa a

A Porta do General

  Em 1981 comecei a trabalhar no projeto ATTMM no forte São João, na Urca.   A sede do IPD – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército ficava em um prédio da época do Império. Como todo prédio daquela época tinha paredes externas muito espessas (talvez 40 cm de espessura) e chão de madeira.   O edifício tinha 3 andares contando com o térreo.   O último andar era onde ficava a direção do instituto e uma grande sala de reuniões. Em um certo dia, estava me dirigindo para a sala de reuniões e ao passar em frente da sala do General diretor notei que a parede não era de alvenaria e sim de um tipo de divisória que chamávamos de Eucatex.   Comentei em voz alta com a engenheira que me acompanhava: que curioso, todas as paredes são de alvenaria menos essa.   Escutei uma voz atrás de mim que disse:   fui eu que fiz isso !!   Me voltei e vi um funcionário ajoelhado fazendo algum serviço de manutenção.   Então ele continuou contando sua lide.   Eu estava cansado de derrubar essa par

Serra Quebradiça

  Mais um “causo” do nosso leitor Pesquisador Brasileiro. No início da minha vida de pesquisador fiz um estágio voluntário de seis meses num hospital da universidade. Cheguei ao hospital para meu primeiro dia de trabalho e duas horas para ser cadastrado depois, cheguei à minha sala e comecei a trabalhar. Minha primeira atribuição foi fazer um levantamento de todos os pontos de oxigênio do hospital e verificar quais estavam defeituosos. Trabalho simples, mas meu gestor era um homem sábio. Em uma semana fazendo aquele trabalho, eu conheci o hospital inteiro e boa parte das pessoas que trabalhavam ali. Meu trabalho seguinte foi mais interessante. Levantar os equipamentos que mais exigiram manutenção no hospital. E após outras duas semanas e um diagrama de Paretto montado, foi constatado que 80% das falhas eram de um único tipo de equipamento: as serras de gesso. Estranho, pois era um equipamento robusto. Deslocamos uma equipe à sala de gesso e por coincidência, vimos um paciente saind