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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Convicção versus Conveniência

  No final de 1984 eu estava designado para outro curso de treinamento na EAI (Electronic Associates Inc.), o primeiro tinha sido em 1983 (post Viagem ao Exterior I ).   Entretanto, eu já estava determinado em sair do instituto.   Estava claro para mim o que significavam os problemas que eu observava.   Não se tratava especificamente da ação de uma pessoa mas toda uma cultura organizacional que não produziria nenhum resultado.   Eu já havia externado minhas observações a respeito e a resposta foi aquela mostrada no post Campeonato Imaginário . Com a preocupação em ser ético e julgando que não seria apropriado ser mandado para uma missão que posteriormente não geraria fruto, procurei novamente o meu chefe Tenente Coronel Bernardo Severo (já falecido).   Lhe deixei claro que não pretendia mais continuar na organização e que já estava procurando emprego. Fui surpreendido com a pergunta de Severo: “Waldemar, quanto você gostaria de ganhar para continuar trabalhando aqui?”   Quem não go

Viagem ao Exterior I

  Conforme mencionado no post Despreparado , em 1983 fui designado para fazer o curso de operação do computador EAI-2000 nos Estados Unidos.   Seria minha primeira viagem ao exterior e eu estava eufórico.   Me preparei tanto tecnicamente como fiz aulas de reforço de inglês.   Então começaram as “diferenças”.   Como eu não era funcionário do IPD e sim contratado CLT através do projeto FINPEP / ATTMM, tinha que me virar sozinho.   Tive que tirar passaporte por mim mesmo e era um passaporte de turista – embora fosse em missão de trabalho.   A diária, naquela época, era US$ 111 que, para os oficiais do IPD era paga em moeda americana (lembrando que, na ocasião, não havia civis de nível superior no IPD).   Para mim, a diária foi paga em Cruzeiros e tive que procurar uma casa de câmbio para comprar dólar.   Naquela época, a diferença entre o dólar oficial e o câmbio negro (era assim que era chamado) era enorme.   Resultado, levei comigo uma diária de US$ 86.   Só o hotel, que ficava em fre

70% honesto

  Em 1984 o CTEx estava se organizando para ter um contingente civil de pesquisadores.   Até então, os civis de nível superior eram todos contratos pelos projetos (era o meu caso) e não pela instituição. Fui convidado para fazer parte de um grupo que deveria propor um plano de carreira para os pesquisadores.   Esse plano incluía os níveis de carreira com seus respectivos requisitos bem como os critérios de acesso e promoção.   Durante algumas semanas nos reunimos para essa discussão.   Só havia 2 civis nesse grupo, todos os demais eram militares. A definição dos cargos ocorreu sem problemas.   Já com os critérios de promoção e acesso aos níveis de carreira, algumas discussões estranhas começaram a acontecer. As promoções ocorreriam baseados em uma pontuação que, por sua vez, seria oriunda de notas aplicadas a determinados requisitos que cada funcionário deveria ter, durante o período da avaliação. Foi aí que alguém listou honestidade entre os requisitos que deveriam receber no

Campeonato Imaginário

  Já corria o ano de 1984, o projeto ATTMM havia se mudado para o CTEx em Guaratiba, para um prédio especificado e construído para nós.   Equipamentos caros e sofisticados haviam sido adquiridos.   Ainda assim o projeto não tinha rumo.   Não sabíamos o que realmente estávamos fazendo ali.   Os próprios objetivos do projeto eram tão vagos que poderíamos propor qualquer coisa.   Entretanto, nada era definido. Eu já estava fazendo os créditos do doutoramento e ganhando maturidade profissional para saber que algo estava muito errado.   Na verdade estava farto de ver tantas coisas estranhas e algumas absurdas (relatadas nos posts anteriores).   Me sentia um inútil enxugando gelo.   Resolvendo os problemas que eu mesmo criava. Foi então que procurei meu chefe, a quem eu respeitava muito (havia sido meu professor tanto na graduação quanto no mestrado) e lhe expus claramente minha insatisfação com o que estava acontecendo ao meu redor.   Como tinha uma intimidade respeitosa com ele, pergun