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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

Feudalismo

  Em 1984 já havíamos nos mudado do Forte São João para as instalações do CTEx em Guaratiba.   Haviam diversos projetos diferentes com suas respectivas equipes.   Nós já nos conhecíamos anteriormente mas agora estávamos mais próximos no mesmo Campus.   Foi então que começaram a aparecer problemas que não se percebia antes. Descobrimos que embora exercêssemos funções semelhantes e tivéssemos aproximadamente a mesma experiência tínhamos salários bem diferentes.   A explicação foi imediata.   Alguns projetos eram financiados pela FINEP e outro por uma fundação ligada ao Banco do Brasil.   A FINEP tinha salários tabelados (muito baixos) e o do Banco do Brasil pagava salário de mercado.   A diferença era gritante. O gerente do projeto ligado ao Banco do Brasil era um major e não deu a mínima para a situação – não era problema dele.   Os problemas começaram a se agravar quando ele contratou uma secretária.   Os outros projetos tinham tenentes-coronéis como gerentes e ficaram indignados q

Estratégia Invertida

Em 1983, houve um evento preparado pela FINEP, que financiava o projeto ATTMM onde eu trabalhava.   Esse evento reunia todas as instituições da área de defesa que tinham projetos que estavam sendo financiadas pela FINEP.   O objetivo do evento era avaliar o andamento dos projetos.   Cada gerente de projeto deveria apresentar seu projeto e o estado em que se encontrava. Participei do evento com muito interesse.   Durante um intervalo, pude conversar com um engenheiro que trabalhava no IPqM em um projeto para se propunha produzir girômetros mecânicos do tipo Dry-Tuned.   Ele me descreveu a real situação do projeto.   Haviam construído um prédio, importado equipamentos caríssimos, mas não havia ninguém para operá-los, pois todos haviam saído do projeto, devido aos baixos salários.   Ele mesmo, já estava demissionário aguardando o aviso prévio. Aquilo me deixou muito triste e perplexo.   O que teria acontecido?   Na minha inexperiência (afinal eu ainda não tinha 5 anos de formado) eu a

Quermesses

  Em 1981 fui agraciado, por um colega de turma, com o convite para dar um curso de treinamento na Embratel.   Naquela época, os computadores estavam saindo dos institutos de pesquisa e universidades e indo para as empresas.   Então, a Embratel queria dar uma visão aos seus funcionários do que seria um computador e como ele poderia ajudar nos trabalhos da empresa. Para mim foi uma excelente experiência.   Até hoje guardo a apostila que preparei para o curso – Introdução aos Computadores.   O curso foi muito puxado - 7 horas de aula por dia durante 10 dias consecutivos. Todos os meus alunos eram engenheiros mais velhos do que eu, com muitos anos de casa. Eu estava bem orgulhoso com o que estava fazendo e, também, onde estava fazendo.   O prédio ficava na Av. Presidente Vargas, no coração do Rio de Janeiro.   Tinha uma linda fachada prateada com uma entrada chique e funcionários uniformizados que controlavam a entrada e saída do prédio.   O andar onde eu ministrava as aulas era aca

Guará

  Essa história não é sobre um lobo e sim sobre um avião.   Seu projeto foi feito por grande especialista em aeronáutica e que havia falecido.   Um empresário do ramo aeronáutico soube de projeto e negociou seus direitos da viúva.   Até então, existia um protótipo iniciado e abandonado em um hangar no CTA.   Diferentemente da maioria dos empresários que conheço, que esperam que o governo financie seus desenvolvimentos, esse empresário, do próprio bolso, finalizou o protótipo do Guará. Depois de idas e vindas e reuniões intermináveis a procura de um possível cliente a aeronave foi apresentada a academia da forca aérea em Pirassununga. A aeronave foi disponibilizada para voo para os instrutores.   O feedback foi excelente pois a aeronave sendo muito mais leve que o T-25 permitia até 3 manobras antes de atingir a altitude de segurança.   Isto significava economia de custo e tempo consideráveis para instrução.   Guará, segundo os pilotos que o testaram, tinha um desempenho superior aos a