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Mostrando postagens de setembro, 2021

MILAGRE – parte 1

Esse, sem dúvida, é o episódio mais dramático de minha carreira e foi resolvido com um verdadeiro milagre.   Como é um tanto logo descrevê-lo, será divido em 2 posts. Em 1986 havíamos feito uma viagem ao CNES (vide post “aprendendo com quem sabe”) para receber orientação sobre o projeto VLS.   Estava previsto (eu não sabia disso) uma revisão preliminar do projeto para 2 anos depois no IAE.   O que de fato aconteceu em setembro de 1988. Acontece que, naquele período, todo o grupo de controle estava envolvido nos lançamentos dos protótipos 03 (novembro de 1987) e 04 (previsto para 1988 mas lançado em março de 1989) do SONDA IV.   Não havia a mínima condição de pegarmos nos estudos de projeto do VLS. Quando a equipe do CNES chegou, nem eu nem ninguém da minha equipe participou das reuniões da tal revisão preliminar.   O gerente do VLS designou nada menos que Kruger, para representar as redes elétricas e o controle. Como fiquei sabendo nas semanas seguintes, a tal revisão foi um fi

CARTÃO de PONTO

  No período que estive no IPD/CTEx não havia controle de frequência. Naquela época eu nem imagina que isso existisse, já que na minha mente eu não faria mais que minha obrigação em estar presente no trabalho para fazer jus ao meu salário.   Além do mais como íamos de transporte providenciado pelo Instituto todos estavam lá.   Quando alguém precisava se ausentar por algum motivo, se dirigia ao chefe e comunicava. Quando me mudei para o IAE notei algumas diferenças nessa questão.   Alguns indivíduos simplesmente não cumpriam o horário convencionado – que mudou diversas vezes.   Na verdade, o controle de frequência sempre foi uma questão controversa no IAE. Nos primeiros anos isso não era um problema, pois havia um engajamento muito grande - pelo menos nos setores eu que eu tinha contato.   Vez por outra, entretanto, aparecia alguma determinação para controle de presença.   Até que apareceu um cartão de ponto .   Esse deveria ser preenchido pelo próprio funcionário e entregue na se

Incompetência Destruidora

  A partir de 1989 já não era possível a contratação de funcionários CLT como se fazia anteriormente.   Então, o IAE conseguiu uma verba que permitia a contração por prazo determinado – renovável.   Havia todo um processo burocrático para isso, obviamente.   Em um primeiro momento, eu contratei um engenheiro para trabalhar no meu grupo.   Ele gostou bastante do trabalho e quando soube que eu estava precisando de alguém para trabalhar com software (no lugar do Cristaldo, lembram dele ?) ele indicou um colega. Esse rapaz, que chamarei de Romildo, se apresentou a mim e fiz uma entrevista com ele.   Ele tinha as qualidades necessárias para o cargo e foi aprovado.   Graças a Deus, tive o cuidado de avisá-lo que minha aprovação era do ponto de vista técnico e que sua contratação seria responsabilidade de setor administrativo, que havia sido criado especificamente para esse fim. Pois bem, aí começa o pesadelo de Romildo.   Ele se dirigiu à secretária que era responsável pelo processo de c

EQUAÇÕES INÚTEIS

  Em 1988 estávamos preparando a missão do Sonda IV – V04.   O pessoal da dinâmica de voo solicitou um estudo se seria possível usar as medidas de velocidade angular para estimar a atitude do último estágio após sua indução de rotação (spin-up).   Visavam com isso a possibilidade de fazer o mesmo no VLS. Teoricamente isso seria possível, mas na prática não.   Isso porque o spin levaria a rotação em mais de 1000°/s e o batente do sensor (na perpendicular) era 20°/s.   Mesmo um pequeno desalinhamento entre o eixo de rotação e o eixo do sensor saturaria a medida de forma a não ser mais viável seu uso. Houve então reunião onde apresentei o resultado do estudo.   Nessa reunião estava presente o engenheiro Kruger (no fictício em homenagem à síndrome Dunning-Kruger).   Fazendo jus ao nome, Kruger ocupava um cargo mal definido.   Não era chefe de nada mas queria mandar.   Sua ignorância só perdia para sua obstinação. Durante a apresentação, Kruger, com sua usual agressividade, disse que