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Mostrando postagens de abril, 2023

NOTEBOOK

  A partir de 1991, quando concluí o doutorado, eu estava apto a solicitar financiamento para projetos de pesquisa junto ao CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas) e à FAPESP (Fundação para Amparo à Pesquisas do estado de São Paulo). Até a minha aposentadoria, consegui diversos financiamentos dessas agências.  Todos ligados diretamente aos objetivos institucionais.  Ou seja, todo o recurso financeiro e humano (bolsistas) eram empregados para a realização dos objetivos do IAE e ficavam na própria instituição.  Jamais propus algum projeto de interesse pessoal.  Isso deveria ser elogiável mas havia quem não gostasse. Já no meu primeiro projeto aprovado pela FAPESP, comprei um notebook.  Era o primeiro equipamento desse tipo do instituto (na época era uma novidade).  Não demorou muito quando uma pessoa que havia trabalhado na minha equipe e havia sido transferida devido à sua improdutividade, procurou meu chefe com a acusação de que eu pretendia ficar com o notebook para mim.   Meu chefe me

MORAL DE BANDIDO

  No final da década de 90, um aluno meu da Universidade Braz Cubas me contou um episódio lamentável.  Ele trabalhava como professor de nível médio de uma escola municipal em Mogi das Cruzes.  Em um certo dia, ao chamar a atenção de um aluno que não se comportava bem, esse aluno lhe deu um tapa na cara. Após a confusão que se sucedeu o tal adolescente foi levado para a diretoria.  A diretora também chamou o professor agredido (meu aluno) e, na frente do infrator, ela disse: “farei o que você (o professor) decidir !”  O professor então diz: “Não quero que ele seja punido apenas que peça desculpas.” O aluno presente, então, saiu com essa: “eu ?  pedir desculpas ? e como fica minha moral ?” Não sei como terminou o episódio mas esse história até hoje me causa náuseas.  Há nela uma séria de eventos absurdos.  O primeiro é o fato de um adolescente se atrever a agredir um professor.  O segundo é a atitude ridícula da diretora que, em vez fazer uso da sua autoridade para tomar uma decisão, ela

PÓS DEFESA

  Finalmente chegou o dia da defesa da tese, uma segunda-feira.  No domingo à noite, Cho me ligou para, segundo ele, passar instruções para defesa de tese.  Quando ele começou a dizer como eu deveria preparar os slides (naquela época não havia power-point, era retroprojetor e slides de acetato) eu o interrompi dizendo: “Cho, falta pouco menos de 24 horas para a defesa.  Os slides já estão prontos faz uma semana.” Ele percebeu quão ridículo ele estava passando mas não perdeu a pose e começou a dizer que não queria ouvir “piadinhas” durante a defesa.  Achei aquele colocação despropositada e comentei:  “piadinhas ?  por acaso sou comediante ?  Sou um profissional e faço apresentações há muito tempo.  Sei me comportar muito bem.”  Ele arrematou dizendo que alunos ficam nervosos durante a defesa e por isso não se comportavam como deveria.  Não quis estender a conversa.  Agradeci e desliguei. No madrugada seguinte, peguei meu carro e viajei 340 Km até o local da defesa e estava lá pontualmen

PRÉ DEFESA

  Ao começar formalmente a minha orientação, Cho colocou como exigência que eu deveria publicar 2 artigos em congressos com o assunto da minha tese e assim comecei a desenvolver a mesma. Em 1986, publiquei um artigo em um workshop do IFAC (International Federation on Automatic Control) em Lund na Suécia.  Em 1987, publiquei outro trabalho em um Colóquio no México e em 1988 publiquei mais um artigo no Congresso Brasileiro de Automática.  Nesse momento, Cho me disse que já bastava e que eu deveria concluir a tese. A orientação era difícil pois eu já estava morando em São José dos Campos e não havia internet naquela época.  Então, mais ou menos mensalmente eu mandava para Cho, pelo correio, o material escrito que eu havia desenvolvido para discutirmos.  Depois de uma semana eu ia ao Rio de Janeiro, normalmente na própria casa de Cho para nossa entrevista de orientação. Capítulo após capítulo, fui mandando para Cho e discutindo seu conteúdo.  Até que finalmente concluí o trabalho.  Então p