Postagens

Mostrando postagens de abril, 2021

MISSÃO IMPOSSÍVEL

  O IME tem uma grande porta de entrada central e duas laterais – essas de serviço, para entrada e saída de viaturas.   Durante o período da graduação, fazíamos educação física 2 vezes por semana na parte de tarde e o vestiário ficava quase em frente a uma dessas portas.   Acontece que era proibido o trânsito por aquela porta, embora fosse exatamente ela que nos colocava mais perto do ponto de ônibus. Numa certa tarde, ao sair do vestiário nos deparamos com tal o portão lateral aberto e não havia nenhuma guarda à vista.   Aproveitamos a oportunidade e apressamos o passo e saímos rapidamente pela porta proibida.   Por último e bem vagarosamente saiu nosso colega Raul (hoje um construtor de sucesso nos Estados Unidos).   Ele era egresso do colégio militar e parecia que já estava acostumado com aqueles tipos de proibição.   Raul já estava a uns 50 metros longe do portão quando veio um guarda correndo até ele.   Ei! Ei! Gritou o guarda fazendo Raul parar sua lenta caminhada com uma moc

AVALIAÇÃO – parte 2

  No post anterior vimos como as avaliações foram descaracterizadas apenas para atender a uma obrigação regimental.   Em vez de instrumento de apreciação e julgamento de desempenho que estimulasse a melhoria continuada, tornou-se apenas um mero ordenamento de salários com dispersão mínima. As consequências não tardaram.   O desempenho geral despencou.   A impressão que tenho hoje é que a maioria dos funcionários passou a achar que estão fazendo um grande favor ao exercerem alguma atividade produtiva.   A consequência mais cínica aconteceu pouco depois da decisão de impor que a média deveria ser 85 com desvio padrão de 5.   O chefe de um funcionário, que já vinha tempo sem produzir nada, tomou a decisão de puni-lo formalmente.   Não foi nenhuma surpresa quando, em sua defesa, o tal funcionário inútil usou sua avaliação para argumentar que tinha uma boa produtividade, já que sua nota era maior que 7 (que era basicamente a nota mínima).   Pior foi ter argumentado de que seu chefe só o

AVALIAÇÃO – parte 1

  Em fevereiro de 1980, logo após retorno das férias, procurei meu chefe imediato o Major Ábaco (nome fictício).   Como eu havia completado meu primeiro ano de vida profissional, eu o procurei e pedi que fizesse uma avaliação do meu trabalho.   Eu estava ansioso para avaliar meu progresso profissional e não vislumbrava outra maneira que não em ouvir o que o meu chefe achava de mim. Sua resposta foi uma surpresa.   Ele disse simplesmente: “aqui todos nós estamos subutilizados”.   Fiquei bastante frustrado pois não obtivera nenhuma informação que pudesse me ajudar a me aperfeiçoar.   Em vez disso, mostrou pelo menos 3 coisas, que só fui entender muitos anos depois com a maturidade profissional: 1 – não havia nenhum processo de avaliação formal; 2 – que estava muito claro a inutilidade daquele setor; 3 – que Ábaco não estava interessado em nada que não fosse ele mesmo. Nos mais de 6 anos que passei por lá nunca recebi uma avaliação de meu desempenho profissional, o que me deixava bast

Férias Forçadas - O Retorno

  Esta história é a conclusão do episódio descrito no post Féria Forçadas, relatada pelo leitor deste blog, que prefere ser chamado de Um Pesquisador Brasileiro. O post Férias Forçadas relata como um servidor da UPRP, aqui chamado de Antonielo, foi pego com a boca na botija roubando 2 dezenas de computadores e, como consequência, teve que tirar seis meses de férias (remuneradas) para tratamento de uma "depressão". O ambiente na seção em que ele trabalhava foi da água para o vinho.   Os outros servidores trabalhavam com muito mais tranquilidade sem o risco de serem investigados pelos contínuos “empréstimos” de Antonielo ou serem forçados a delatar o colega.   A atitude de denúncia era vista com extrema má vontade pela chefia. Durante os seis meses das férias de Antonielo, algumas coisas mudaram. O seu chefe direto tivera o mandato encerrado e o candidato da oposição vencera.   Até mesmo a seção mudara, tendo em vista que a ausência de Antonielo gerou um certo transtorno