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Mostrando postagens de janeiro, 2022

FUSÍVEL QUEIMADO

No início de 1992 chegou à chefia do CTA o Brigadeiro Adyr da Silva.   Durante sua curta passagem, ficou conhecido como furacão Adyr, devido ao seu jeito de agir.    Adyr veio com uma firme determinação pessoal de fazer o projeto VLS andar.   O projeto VLS se arrastava por vários motivos: devido aos baixíssimos salários, um enorme contingente de técnicos havia deixado o IAE; a progressiva mudança de legislação e a falta de recursos financeiros.   O que ninguém queria admitir é que também a gestão do projeto esbarrava com dificuldades no trato de pessoal e burocracia interna. Assim que chegou, Adyr montou uma “sala de guerra” dentro do IAE onde ele estava presente quase que diariamente para discutir as dificuldades e encaminhar soluções aos problemas relativos ao VLS.   Nessas primeiras reuniões foi-lhe dito que o sistema de controle estava com problemas devido ao esvaziamento da equipe e a não existência de uma plataforma inercial. No dia 17 de fevereiro de 1992 fui chamado para

ESPIONAGEM

  Em 1992 recebi a visita do Ronald, representante da Contraves, quem eu já conhecia desde a época do projeto ATTMM no IPD.   Havia sido ele quem havia pago minha visita a Pittsburg em 1983.   Como representante ele visitava periodicamente as instituições que tinham mesas rotativas (era o caso do IAE).   Assim, era pois bastante conhecido de todos. Nesta visita ele me disse que queria que eu conhecesse um antigo colega de classe dele, que ficou sabendo estava morando no Brasil.   Nos encontramos para um almoço no hotel em frente ao CTA e eu estava esperando alguém com o mesmo aspecto de gringo do Ronald.   Entretanto David era baixo e de cabelo bem preto, falando português sem nenhum sotaque. David me contou que trabalhava em uma empresa de Resorts e estava procurando um local para construir um no Brasil.   Ele me falou o nome da empresa (que eu nunca ouvira falar) e perguntou se eu não poderia indicar algum lugar nas imediações de São José dos Campos. Depois disso ele veio com a

CABO DE GUERRA

Na época que eu estava no Rio de Janeiro, trabalhando no projeto ATTMM no Forte São João, surgiu um problema que nos foi relatado pelo gerente do projeto o Tenente-Coronel Severo (já falecido).  Um outro TC chamado Paraguaçu (nome fictício) “inventou” um projeto que queria drenar recursos do nosso. O projeto proposto era fazer um tipo de calculadora portátil para tiro para de artilharia.  Hoje seria uma espécie de aplicativo de celular que diria o ângulo que o canhão deveria atirar.  Na época eu achava um tanto despropositado o projeto e hoje acho que ele seria mais válido para o exército do que o ATTMM. O problema, entretanto, não era o objetivo do projeto, mas sim o fato de que ele não tinha nenhum financiamento para sua execução.  O diretor do IPD então deu ordens para que Paraguaçu pegasse recursos do ATTMM.  Severo, evidentemente, tentou mitigar a situação dando o mínimo possível já que não poderia desobedecer a ordens superiores. Não sei que fim levou esse projeto, mas o ep

PASSANDO VERGONHA

Em janeiro de 1991, eu junto com mais 2 colegas fomos fazer um curso de 1 mês na ENSTA (ecole nationale superieure des techniques avancees) que fica num subúrbio de Paris.   Como se tratava de uma missão ao exterior, foi planejada com muita antecedência.   Começava com o preenchimento de um PLAMENS (plano de missões de ensino no Brasil e Exterior) 2 anos antes da realização da missão.   Os preparativos para sua execução começaram quase 1 ano antes, com o contato com a escola, compra de passagens e obtenção de portaria de autorização para deixar o país. Finalmente chegou o tempo do tão esperado curso – que foi muito bom diga-se de passagem.   Havia cerca de 30 profissionais assistindo ao curso, a maioria franceses. Enfrentamos diversas dificuldades, mas conseguimos um hotel com quarto para 3 pessoas (para ser mais barato).   Durante o curso estourou a Guerra do Golfo e havia uma tensão enorme de ataque terrorista em Paris.   Ainda assim, nada atrapalhou nossa frequência e atenção

BARBA PARANORMAL

História trazida por um leitor desse blog (que prefere ser chamado de Cambodja).   Incentivo quem tenha histórias semelhantes a mandarem seus “causos” para waldclf@gmail.com que eu preparo e publico aqui. Engenheiro eletrônico formado em 1978 e já trabalhando na área, resolvi fazer o curso de psicologia à noite.   No início da década de 80 fiz vestibular e passei para a UERJ. Acostumado com a seriedade do curso de engenharia que havia feito, foi um choque ver como muitos professores não levavam a sério a turma da noite. Quem faz faculdade à noite provavelmente trabalha de dia.   Isso significa um tremendo esforço para dar continuidade aos seus estudos à noite e conseguir terminar o curso. No entanto, os professores faltavam demais, sem aviso, e muitas vezes os alunos ficavam na UERJ a noite inteira para só ter uma ou duas aulas.   Assim, abandonei uma cadeira por isso.   Eu trabalhava longe e não compensava ir para a Universidade para uma única aula. Ao fim do semestre, uma al