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Mostrando postagens de agosto, 2021

BURRO FALANTE

Num reino nada distante, seu Rei desejava ver o reino deixar de ser um reino do futuro para se tornar um reino que lhe desse orgulho.   Então, um certo espertalhão chamado Falaz, sabendo do desejo do Rei, se apresentou com a seguinte proposta:   se o Rei lhe desse um saco de moedas de ouro, ele ensinaria um burro a falar e o Reino se tornaria notório por isso.   A idéia muito agradou ao tolo Rei que lhe providenciou o burro e o saco de moedas de ouro. Saiu Falaz do palácio, feliz da vida, com o burro carregando em suas costas o saco de moedas de ouro.   Foi quando Falaz encontrou-se com um conhecido chamado Consciência, que sabendo da tramoia o confrontou: você ficou louco Falaz?   Ninguém é capaz de ensinar um burro a falar pois burros não falam.   Como você foi propor tal coisa ao Rei ? A resposta de Falaz foi muito elucidativa:   Calma Consciência.   Eu pedi 15 anos para ensinar o burro a falar.   Em 15 anos ou o Rei já morreu, ou o burro já morreu ou eu já morri.   Não haverá c

Nem Bonzinho nem Mauzinho

  Como já mencionei em posts anteriores, ao assumir a chefia da subdivisão de controle (set/1987), eu me propus a ser um chefe modelo.   Isso incluía tratar a todos os subordinados com igualdade.   Assim pensava que era isso que eu estava fazendo até que aconteceu a época das avaliações.   Chamei os meus subordinados, individualmente, na minha sala para conversar.   Tinha em mãos uma ficha de avaliação com diversos itens que foram avaliados um a um.   Ao final da avaliação eu perguntei como eles me avaliavam como chefe.   Isso foi por iniciativa minha, pois não constava na ficha de avaliação.   Eu tinha a minha própria ficha de avaliação que era preenchida pelo chefe da divisão. Então aconteceu algo que me fez repensar meu relacionamento com meus colegas.   Ao perguntar a uma engenheira como ela me via como chefe ela criticou o fato de que eu a deixava muito só.   Que eu, como chefe, deveria acompanhar mais de perto seu trabalho, ajudando e estimulando.   Eu achava que já fazia iss

SENDO CHEFE

Sempre achei estranho que novatos em qualquer área de trabalho, nem bem começam suas carreiras já queiram ser chefes.   Eu costumava dizer que essas pessoas queriam ser caciques sem jamais terem sido índios.   Cheguei a ouvir de um colega no CTEx que ele mediria o progresso em sua carreira pelo número de pessoas que ele mandasse – detalhe, ele não era militar e sim engenheiro.   Curiosamente ele se aposentou como professor e, ao menos que considerasse os alunos como seus subordinados, ele nunca teve nenhum. Essas pessoas olham para o brilho e importância que a palavra chefe parece trazer, sem ter ideia do que realmente significa chefiar um grupo – especialmente dentro do serviço público.   Minha carreira no IAE ia muito tranquila e motivante até que eu assumi a chefia da subdivisão de controle.   Eu tinha bastante expectativa que poderia realizar um trabalho muito maior com um grupo do que se estivesse sozinho.   Gosto de uma máxima do SEBRAE:   sozinho vou mais rápido, juntos vamos

APRENDENDO COM QUEM SABE

Minha primeira viagem ao exterior pelo IAE ocorreu nas duas primeiras semanas de novembro de 1986.   Fiz parte de uma equipe que foi ao CNES (Centre National d’Études Spatiales) que fica em uma cidade satélite de Paris chamada Évry.   Fazia parte de um acordo de cooperação com o governo Francês que, na época, dava apoio ao nosso programa espacial. Era uma equipe grande de 10 pessoas que continha todo o grupo de controle (4 engenheiros) e outros especialistas em diversas áreas.  A equipe era liderada pelo próprio Eng. Boscov, o gerente do desenvolvimento dos foguetes do IAE.  O trabalho foi muito produtivo.  Nos reuníamos em grupos de interesse e éramos orientados pelos engenheiros do CNES.  No caso do controle, nos reuníamos com um jovem, que carinhosamente batizamos de Monsieur Gambô (devido ao fato de que ele não trocava de roupa durante a semana e as consequências eram olfativas).  O que me chamou imediatamente a atenção foi que Gambô tinha apenas 2 anos de formado e estava orie