Introdução

Eu tinha 14 anos quando o homem pisou na lua.  Acompanhei pelo rádio este momento histórico.  Na mesma época haviam séries na TV, que apelavam para uma ciência futurística, como Túnel do Tempo e Perdidos no Espaço.  Foi nessa época e nesse ambiente que decidi que seria um “cientista”.  No Brasil isso soa gabola.  É mais fácil falar pesquisador.

Eu me imaginava dentro de um laboratório, virando noites, pensando e estudando para descobrir coisas incríveis. 

Quando soube que o Brasil nunca tinha tido um prêmio Nobel eu me propus a ser o primeiro.  Vou me dedicar muito e ser o orgulho do meu país, pensava eu.

Na minha ingenuidade talvez achasse que faltavam bons cérebros ou que seria apenas uma questão de esforço e dedicação pessoal.  Eu não fazia a mínima ideia do que estava me esperando.  A burocracia estúpida e as atitudes mesquinhas e irresponsáveis, aliadas à incompetência e ao desvirtuamento das praxes, tornam impossível um trabalho sério e duradouro que produza os frutos que se espera.

Me tornei pesquisador e trabalhei com os principais institutos de pesquisas na área espacial. Depois de 40 anos de formado e já aposentado, decidi colocar por escrito as experiências que vivi e que ajudam a entender os motivos pelos quais o Brasil não tem nenhum prêmio Nobel.  A maioria desses episódios seriam cômicos se não fossem trágicos pois representam um tipo de doença que grassa na sociedade brasileira.

Comentários

  1. Fantástico, Valdemar. É lamentável que a história continua se repetindo. Me vejo em você nesses relatos. Como diz meu amigo Marcio - "Não precisa sabotar, deixa que a natureza cuida"!

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  2. Excelente! Um único comentário há um “m” a mais em havia.

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  3. Muito bom Prof. Waldemar! Parabéns pela iniciativa. Sucesso ao blog!

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  4. Mesmo com tanta decepção eu tenho certeza que o senhor teve momentos de prazer, uma vez que, quando estamos fazendo aquilo que amamos a felicidade se faz presente. Quero agrader pela inestimável contribuição deixada por ti e sua equipe.
    Quero parabenizar pela construção do PC, só aí já valeria o Nobel de informática se comparando à precária e difícil tarefa em trabalhar com pesquisa utilizadando marretas.
    Um grande abraço.

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