SAM100 - As Janelas
Quando o projeto do SAM100 estava chegando ao fim, chegou a hora de finalizarmos o painel de programação. Cada cartão eletrônico era faceado por uma placa de alumínio onde estavam os bornes para a programação. Cada conjunto de placas tinha sua própria nomenclatura que deveria ser gravada no alumínio.
Acontece que a oficina
mecânica do IPD (instituto do CTEx que não existe mais) tinha uma máquina que
fazia exatamente esse trabalho. Assim,
foi imediato fazer o pedido de serviço para que fossem feitas as gravações nas
placas. Após algumas semanas de silêncio,
veio uma resposta estranha. Haviam
ordens do comando do CTEx – que naquele momento estava sendo construído em
Guaratiba – que a oficina só se ocupasse em fazer as janelas que seriam
colocadas nos prédios do CTEx.
É uma postura estranha por se
tratar de um instituto de pesquisa.
Primeiro porque as atividades de pesquisa (e era o caso) deveriam ter
prioridade. Em segundo, porque fazer
janelas poderia ser feito em qualquer fábrica da iniciativa privada e não era a
função daquele setor. Em terceiro, a
atividade solicitada era tão simples que certamente não atrapalharia a produção
das famigeradas janelas.
Meu chefe, que era o gerente
do projeto ATTMM, teve uma idéia. O
projeto tinha recursos de suprimento de fundos – que naquela época era uma
excelente solução. Ele procurou o
funcionário da oficina mecânica e perguntou se ele poderia fazer as inscrições
na placa em seu horário de almoço e seria pago com o suprimento de fundos, como
serviço prestado.
Meu chefe foi falar com ele
por volta das 9:00 e, num estalar de dedos, antes mesmo do almoço as placas já
estavam prontas. Aquilo que levou uma
hora para ser executado estava sendo recusado há semanas, com a desculpa das janelas. Foi só molhar a mão do funcionário que o
problema foi resolvido e sem atrapalhar a produção das benditas janelas.
Ao longo da minha carreira
presenciei vários episódios similares.
Funcionários que se utilizam das mais diversas desculpas para não
trabalhar e executarem suas obrigações.
Quando lhes é oferecido algum dinheiro “por fora”, prontamente executam
aquilo que lhes era obrigação fazer.
Isso é desonesto e asqueroso. O
que mais me deixa perplexo nesse tipo de cultura é que toda a cadeia de chefia sabe
disso e não faz nada. Com o argumento de
que o que interessa é que o problema seja resolvido, perpetua-se a falta de ética
profissional e incentivo ao trambique.
O chefe desse pessoal não deveria estar no instituto. É de embrulhar o estômago.
ResponderExcluir