Guará
Essa história não é sobre um lobo e sim sobre um avião. Seu projeto foi feito por grande especialista em aeronáutica e que havia falecido. Um empresário do ramo aeronáutico soube de projeto e negociou seus direitos da viúva. Até então, existia um protótipo iniciado e abandonado em um hangar no CTA. Diferentemente da maioria dos empresários que conheço, que esperam que o governo financie seus desenvolvimentos, esse empresário, do próprio bolso, finalizou o protótipo do Guará.
Depois de idas e vindas e
reuniões intermináveis a procura de um possível cliente a aeronave foi
apresentada a academia da forca aérea em Pirassununga. A aeronave foi
disponibilizada para voo para os instrutores. O feedback foi excelente pois a aeronave sendo
muito mais leve que o T-25 permitia até 3 manobras antes de atingir a altitude
de segurança. Isto significava economia
de custo e tempo consideráveis para instrução.
Guará, segundo os pilotos que o testaram, tinha um desempenho superior
aos aviões utilizados por eles.
Com tal aval, nosso amigo
empresário procurou então financiamento público para construir uma fábrica para
o Guará. Foi orientado a procurar a
SUDENE que era um órgão público destinado ao financiamento de projetos que
trouxessem prosperidade à região nordeste.
Ele foi conversar com um superintendente
da SUDENE e lhe explicou seus planos de construir uma fábrica de aviões no
local (BELÉM do Pará) que fosse determinado e que isso traria grande
prosperidade à região tanto financeira como tecnológica.
O superintendente foi bastante
assertivo: quanto custa essa fábrica? – perguntou ele. 5 milhões (de dólares) foi a resposta. Qual não foi a surpresa do meu amigo com a
tréplica: coloque, então 15
milhões. 5 para mim, 5 para vc e 5 para
a fábrica!!!
O empresário tentou argumentar
em prol da fábrica, qual seria o apoio a ela.
Nenhum, será problema seu, se não der certo feche. O financiamento você pode pagar com títulos
podres do próprio governo. Compre os títulos
no mercado pelo que valem e pague ao governo com o valor de face (relação de
1 para 100). Como esse meu amigo é um
empresário honesto a conversa terminou ali mesmo e o Guará virou um sonho do
passado.
Tenho ouvido, atualmente,
críticas aos empresários corruptos que mamam no governo. Para começo de conversa, é fundamental saber
que não existe empresário roubando o governo sem o conluio de agentes
públicos. No caso descrito a iniciativa
partiu do agente público que só estava lá para roubar. Não havia mínima preocupação com o povo. O empresário em questão seria mais uma vítima
da corrupção institucionalizada mas ele teve caráter de não aceitar.
O caminho natural seria
denunciar tal canalha mas o sistema protege o próprio sistema e nosso amigo
empresário entraria numa lista negra e possivelmente não teria mais contratos
com o governo.
Quando eu mesmo fui gerente de
um grande projeto de pesquisa – o Projeto SIA – para evitar esse tipo de
assédio grampeei meu próprio telefone e fiz bastante propaganda disso. O objetivo não era flagrar alguém e sim
evitar que me assediassem. Mesmo assim
cheguei a sofrer algumas ameaças por não aceitar as propostas indecentes.
Precisamos passar o Brasil a
limpo, dizer não à corrupção é fundamental pra termos o país que desejamos.
Belo exemplo de que corrupção não ocorre sem o conluio duas partes
ResponderExcluirPor essa e por outras que o Brasil não decola.
ResponderExcluir"Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam." Martin Luther King
ExcluirEstá é uma das pandemias que não se pode acabar sem vacina! Mata mais que o Covid e se espalha muito mais rápido. O problema é que a vacina não vai dar “lucro”.
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirMuito bom esse exemplo, pois muitas pessoas só colocam a culpa nos empresários, quando a corrupção só acontece quando as duas partes concordam. Cada caso de corrupção deve ter 2 punidos, o corruptor e o corrompido. Ninguém é obrigado a se tornar corrupto.
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