AVALIAÇÃO – parte 2
No post anterior vimos como as avaliações foram descaracterizadas apenas para atender a uma obrigação regimental. Em vez de instrumento de apreciação e julgamento de desempenho que estimulasse a melhoria continuada, tornou-se apenas um mero ordenamento de salários com dispersão mínima.
As consequências não
tardaram. O desempenho geral
despencou. A impressão que tenho hoje é
que a maioria dos funcionários passou a achar que estão fazendo um grande favor
ao exercerem alguma atividade produtiva.
A consequência mais cínica
aconteceu pouco depois da decisão de impor que a média deveria ser 85 com
desvio padrão de 5. O chefe de um
funcionário, que já vinha tempo sem produzir nada, tomou a decisão de puni-lo
formalmente. Não foi nenhuma surpresa
quando, em sua defesa, o tal funcionário inútil usou sua avaliação para
argumentar que tinha uma boa produtividade, já que sua nota era maior que 7
(que era basicamente a nota mínima).
Pior foi ter argumentado de que seu chefe só o estava punindo por
influência minha!! Eu nada tive com
isso, mas o que importa é a narrativa.
Uma avaliação séria deve
premiar os funcionários dedicados e punir os relapsos. Uma avaliação séria só assusta quem sabe ser
incompetente ou não tem nenhuma vontade de melhorar. Nunca tive medo de ser avaliado. Na verdade eu fazia questão de conversar com
meu avaliador para saber em que eu poderia melhorar.
Avaliação não dever ser
somente para indivíduos mas também para projetos. É com uma boa avaliação que se mostra se um
determinado projeto está indo bem ou não.
Se não está, deverá apontar as causas.
É muito comum se ouvir que os projetos de desenvolvimento não prosperam
por falta de recursos. Será esse o único
motivo? Uma avaliação competente
apontaria as causas reais e deveria encerrar os projetos que não avançam, em
vez de injetar mais recursos financeiros.
No período de 7 anos em que
fui gerente do Projeto SIA (Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial)
havia avaliação anual do projeto feita por uma equipa da FINEP. Além da equipe de 2 ou 3 analistas da FINEP
também eram chamados revisores técnicos Ad-Hoc.
Ficavam 2 dias no IAE visitando todas as instalações ligadas/financiadas
ao projeto bem como recebiam toda uma documentação contendo, detalhadamente, os
avanços do mesmo.
Isso aconteceu, por iniciativa
da FINEP, nos 2 primeiros anos. A partir
do terceiro ano era eu quem convidava a FINEP para vir avaliar o SIA. Foi quando ouvi uma frase interessante de um
Analista da FINEP: “você é o único
gerente que cobra da FINEP uma avaliação do seu projeto, todos os demais
procuram adiá-la ou mesmo cancelá-la”.
Fiquei feliz com esse reconhecimento e ao mesmo tempo triste, pois
julgava que deveria ser uma disposição que todos os gerentes deveriam ter.
Existindo ou não uma avaliação institucional, a auto-avaliação é mandatória. Como você se avalia ? Com o passar do tempo, o que terá construído ?
“Não tenha medo de fracassar,
de falhar. Você sempre poderá recomeçar
quantas vezes forem necessárias. Tenha
medo de não tentar, de não mudar, de não evoluir”. Scheila F. Scisloski
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