NÃO POSSO FAZER NADA
Na década de 80 era comum tirar fotocópias de tudo (chamávamos de tirar um xerox). O IAE disponibilizou uma de suas grandes máquinas fotocopiadoras para uso dos funcionários, pagando um valor justo pelas cópias.
Encontrei um livro na biblioteca do INPE, que seria de interesse no
trabalho, e que não era mais comercializado.
Como eu e mais 2 colegas nos interessamos, decidimos tirar cópia do tal
livro.
Me dirigi ao setor que fornecia o serviço de cópias e falei com a
secretária encarregada do assunto – vou chamá-la de Ambrósia. Era uma segunda-feira e Ambrósia me informou
o valor de cada cópia. Também disse que
ficariam prontas na quinta-feira.
Envolvido com o trabalho, só fui buscar as cópias na segunda-feira
seguinte. Ambrósia já estava com o calhamaço
de cópias me esperando, me informou o valor total. Eu lhe fiz um cheque e peguei o pacote. Nesse segundo em que peguei o pacote, minha
mente treinada em fazer contas, rapidamente percebeu que o valor cobrado não
correspondia ao número de cópias pelo valor que me havia sido informado.
Imediatamente indaguei da Ambrósia:
o valor que você me cobrou está a mais.
Ela respondeu: é que hoje o valor da cópia foi reajustado! Repliquei: ok, acontece que o serviço foi
combinado e feito na semana passada. Não
pude nem terminar meu raciocínio quando Ambrósia soltou a bomba: Não posso fazer nada!
Essa frase ecoou no mais profundo do meu ser, trazendo toda revolta
contra esse tipo de atitude. Respondi:
Ah você não pode fazer nada ? mas eu
posso!
Incontinente, puxei o cheque da mão dela e rasguei. Coloquei de volta o pacote de cópias sobre a
mesa e me retirei. Voltei para minha
sala e comuniquei aos meus outros 2 colegas que também queriam as cópias o que
havia acontecido. Falei que se quisessem
fossem buscar suas cópias pois eu não iria mais.
Passados alguns minutos, Ambrósia ligou para meu colega e disse que o
Tenente Cristaldo (nome fictício) havia autorizado a cobrar o preço da semana
passada e que poderia ir pegar todo o pacote de cópias. Terminou a ligação dizendo: nervosinho seu
amigo hein ?
Nervosinho por não ter aceitado sua péssima postura profissional. Cristaldo tomou a decisão sensata que ela
mesma poderia ter tomado, tal a simplicidade do caso. Ao invés disso, procurou evitar qualquer responsabilidade
naquilo que era paga para fazer. O
mínimo que ela deveria ter respondido seria: vou ver o que posso fazer ou vou
falar com meu chefe sobre isso.
Tenho certeza de que Ambrósia se lembrava do episódio todas as vezes em que
teve vontade de falar novamente: "não posso fazer nada". Ele precisava aprender que não apenas podia
como devia fazer alguma coisa.
A falta de carater e sensibilidade humana tem perdido os valores. Eu estou engasgado com uma situação que ocorrera comigo esta semana. Passei uma noite em um certo hotel em Brasília-DF, ao lado do mesmo tem um restaurante aonde consumi uma carne de sol com mandioca e tomei 2 cervejas e um conhaque. Por alguma distração do garçom ele esqueceu de cobrar o conhaque, então fiquei preocupado que o caixa em seu controle poderia cobrar dele, logicamente eu paguei. O inusitado vem agora, resolvi deixar pago mais 3 cervejas e 2 refrigerantes, não sei se cometi uma burrice, falei que pegaria a encomenda pela manhã, o problema é que tive que sair às 9 e o estabelecimento só abre às 11, então resolvi buscar as encomendas um dia depois, como as xerox, o problema é que os maus caráters do gerente e do caixa não quiseram me devolver o pedido por não ter comparecido no dia combinado. Pena que foi no cartão, a minha revolta não foi pelo valor, mais pela patifaria dos indivíduos. A verdade é que valores estão sendo perdidos na sociedade. Meu nome é Cássio Monteiro, PE estou na reserva desde 96, adoro temas militares e vi a sua entrevista no canaldeguerra. TecnicoEletromecânico pelo Senai, Paisagista pela UNB e cursando Gestão Ambiental.
ResponderExcluirUm grande abraço professor, virei seu fã, adoro eletrônica.
Obrigado pelo apoio Cassio. Inscreva-se no blog e divulgue. Meu objetivo é expor nossas mazelas para que sejam consertadas. Só alcançaremos uma sociedade realmente avançada quando nos livrarmos dessa cultura maldita de irresponsabilidade e iniquidade. Esse processo começa quando dizemos não a essas atitudes absurdas que venho denunciando.
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