Nem Bonzinho nem Mauzinho
Como já mencionei em posts anteriores, ao assumir a chefia da subdivisão de controle (set/1987), eu me propus a ser um chefe modelo. Isso incluía tratar a todos os subordinados com igualdade. Assim pensava que era isso que eu estava fazendo até que aconteceu a época das avaliações.
Chamei os meus subordinados, individualmente, na minha sala para
conversar. Tinha em mãos uma ficha de
avaliação com diversos itens que foram avaliados um a um. Ao final da avaliação eu perguntei como eles
me avaliavam como chefe. Isso foi por
iniciativa minha, pois não constava na ficha de avaliação. Eu tinha a minha própria ficha de avaliação
que era preenchida pelo chefe da divisão.
Então aconteceu algo que me fez repensar meu relacionamento com meus
colegas. Ao perguntar a uma engenheira
como ela me via como chefe ela criticou o fato de que eu a deixava muito
só. Que eu, como chefe, deveria
acompanhar mais de perto seu trabalho, ajudando e estimulando. Eu achava que já fazia isso, mas aceitei a
crítica como construtiva e me comprometi a melhor nesse aspecto.
15 minutos depois eu avaliei um engenheiro. Estranhamente, quando pedi que fizesse uma
avaliação minha como chefe, ele disse exatamente o oposto do que a engenheira
havia dito. Ele disse que eu pegava
muito no pé dele, ficava muito em cima e que não lhe dava liberdade para
trabalhar.
Com a diferença de meia-hora eu ouvi opiniões antagônicas a meu
respeito. Como poderia ser isso? Era como se eu fosse duas pessoas com condutas
diametralmente opostas, quando eu achava que tratava a todos com igualdade.
Isso me trouxe a mente que todas as pessoas são diferentes e não podem
ser tratadas da mesma maneira. Minha ideia
de igualdade começou a amadurecer. Eu
precisava encontrar novos parâmetros de como me relacionar com meus colaboradores,
meus pares e meus chefes. Não foi uma
tarefa fácil. Levou muitos anos até
alcançar um equilíbrio que me deixasse com a consciência tranquila, mesmo diante
de críticas (que sempre acontecem).
Diante de tantas demandas de diferentes personalidades e diferentes
propósitos de cada um, como equilibrar atitudes que contemplem o bom desempenho
profissional e ético? Considero 3
pilares: 1 – nunca perder de vista o objetivo; 2 – ter critérios éticos que
possam ser aplicados em qualquer caso; 3 – ter permanente autocrítica sobre a
evolução de seu próprio desempenho e não ter medo de admitir quando errou.
Na década de 90, quando eu fui professor da Universidade Braz Cubas (um
ótimo tempo da minha carreira), após uma prova final, uma aluna que havia sido
reprovada, veio em prantos até mim e disse: “Eu sei que você não gosta de mim”. Respondi tranquilamente: “Eu já aprovei muitos
alunos de quem não gostava e reprovei outros de quem eu gostava. Porque o critério de aprovação não é gostar
ou não e sim tirar nota maior ou igual a 5.
Você não tirou”.
A partir daí todo início de semestre eu começava as aulas dizendo: “Eu não sou nem bonzinho nem mauzinho,
eu procuro ser justo”.
Caiu como uma luva este texto. Estou neste momento de amadurecimento da minha gestão, não tenho intenção de ser boazinha ou mauzinha... rs
ResponderExcluirMais uma lição aprendida!
Isso é muito natural, creio que de certa forma todos passam por isso.
ResponderExcluirLembro quando eu era aluno, alguns colegas falavam que iam "descontar" o que estavam passando em alunos no futuro, mas para o bem do mundo, ninguém seguiu com este pensamento.
Dr Waldemar, como anda o processo da encomenda tecnológica de um sistema inercial para a AEB?
ResponderExcluirVocês e a orbital estão juntas, qual a atribuicao de cada uma e como é o sistema inercial propostos por vocês?
Obrigado.
Olá Luiz. Me mande seu contato que eu lhe respondo diretamente. Obrigado.
Excluirluiz342m@gmail.com
ExcluirObrigado.