Ventos do Furacão
A passagem do Brigadeir Adyr foi realmente diferenciada e inesquecível. Suas atitudes eram totalmente diferentes dos diretores do CTA.
Mencionei no post anterior que ele montou uma sala de guerra no IAE e
ele dava parte de seu expediente lá, para ver de perto o que acontecia e tratar
diretamente com os responsáveis pelas atividades.
Hoje, vendo os documentários do H2 (History Channel) vejo que ele agia
como um comandante de campo. Se colocava
junto dos combatentes no meio da batalha.
Não aceitava não como resposta e não fazia distinção entre civis e
militares. Esculachava quem devia
esculachar na presença de todos. Isso
pode soar muito mal para uma geração cheia de melindres e não-me-toques (hoje
chamado de mi-mi-mi) mas para mim eu tinha a percepção de que finalmente
tínhamos um comandante.
Durante seu expediente no IAE ele chamava cada responsável por uma
determinada atividade e buscava saber o porquê das dificuldades e qual seria o
melhor encaminhamento. Então,
frequentemente dava determinações que contrariavam os planejamentos prévios e
isso causava um desconforto enorme no sistema.
Assim, ele atropelava tudo que estava planejado. Por isso o chamavam de furacão. Como uma ventania que levantava todos os
papéis bagunçando tudo.
Numa certa ocasião Adyr visitou nosso laboratório de simulação
hardware-in-the-loop que estávamos preparando para o VLS onde foi explicado
para o que servia. Então ele disse que
na manhã seguinte ele queria ver uma demonstração da simulação. O engenheiro responsável, muito sério e
diligente, disse: “pode deixar Brigadeiro, amanhã eu chegarei à 7:30 ( o
expediente começava às 8:00) para preparar a demonstração.” Adyr respondeu incontinenti : 7:30 eu vou chegar – você chegará às 7:00!! Não ficamos magoados nem nos sentimos
oprimidos. A sensação que ele passou foi
de seriedade – tipo: agora vai!
Com o passar dos meses, embora tenha havido em rebuliço muito grande,
Adyr não estava satisfeito com os resultados.
Foi quando o ouvi dizer: “o CTA é paraíso do tudo combinado e nada
resolvido!!” Nunca mais esqueci essa
frase. Não creio que ele seja o autor
mas, com certeza, definia bem a organização que ele dirigia.
Entendo que as pessoas não gostassem do que estava acontecendo, mas, por
outro lado, vejo a clara aplicação da máxima:
todos querem mudanças mas ninguém quer mudar! Se as coisas não iam bem do jeito que estava fazia
sentido que algo precisasse mudar.
“O segredo da mudança é focar toda sua energia, não em brigar com o
velho, mas em construir o novo”.
Sócrates
Exceto em alguns momentos pontuais, sempre me esforcei para investir mais energia que o meu superior.
ResponderExcluirComo dizem, a palavra convence, mas o exemplo arrasta.