A.R. Começa a saga Almaz

 Dois meses após a frustrada tentativa de comprar uma plataforma inercial para o VLS ( vide post Proposta Indevida ) recebi ordens de embarcar novamente para Moscou.  Dessa vez, para contato com uma empresa da área de defesa chamada Almaz (diamante em russo). 

A missão era fruto da ida do Brigadeiro Adyr (vide post Fusível queimado) a Moscou.  Ele havia conseguido um contrato de fornecimento do tão desejado equipamento e me designou para ir lá definir o anexo técnico desse contrato.

Só isso já faria a viagem ser diferente.  Afinal eu iria completar um contrato assinado.  Era muita responsabilidade.  Além disso, Almaz era uma empresa secreta pois produzia, entre outras coisas, um míssil antimíssil para a antiga União Soviética. 

Tantas coisas diferentes já haviam acontecido na primeira viagem 2 meses antes, o que me esperava dessa vez ?  Uma expectativa enorme para, dessa vez, ter um contato mais produtivo tecnicamente.  Ao mesmo tempo, um certo receio do que poderia estar envolvido ao se relacionar com uma empresa revestida de mistérios.

A preparação e a própria viagem foram exaustivas.  Um dia antes do embarque, fui ao Rio de Janeiro e voltei no mesmo dia, dirigindo meu próprio carro (10 horas no total) para pegar os dólares para a viagem.  Fomos eu e mais o engenheiro Contreiro, profissional sério e competente. Embarcamos no sábado à noite (28 de novembro de 1992) rumo a Moscou via Frankfurt. 

Chegamos em Moscou às 23:00 hs (hora local) de domingo para começar a trabalhar no dia seguinte.  Com o fuso horário de 7 horas, somado às 15 horas de voo (fora as esperas nos aeroportos) estávamos feitos zumbis.

A chegada no aeroporto já não era mais surpresa, mas a recepção foi.  2 homens bem idosos se apresentaram como funcionários da Almaz (nunca soube qual a real função deles).  Nos puseram em um Lada bem velho (que pertencia a um deles) e nos conduziram por ruas cobertas de neve sem explicar nada.

Em vez de ir para algum hotel, fomos levados para um conjunto residencial em um subúrbio de Moscou, pois deveríamos ser mantidos incógnitos.  Lembro-me que quando paramos em frente ao prédio, havia uma lâmpada acesa na porta de entrada do mesmo.  Um dos anfitriões exclamou em russo “progress”.  Ele estava feliz por haver uma lâmpada que funcionava na entrada do prédio.

Ficamos sabendo então que ficaríamos hospedados em um pequeno apartamento de alguém (que nunca conhecemos) contratado pela Almaz para deixar seu próprio lar para nós por 2 semanas, enquanto ele foi para outro lugar (sabe Deus onde).

No dia seguinte, uma gentil senhora Dona Veniera veio nos trazer o café da manhã.  Ela nos trouxe também uma informação relevante.  Naquela madrugada havia feito -30graus.  Quando fomos até a cozinha havia uma grossa camada de gelo na janela – pelo lado de dentro !!  O vapor d’água da nossa respiração havia produzido aquilo.

O que nos esperava a partir de agora?  Como seria aquela missão ? Começava nossa saga para conseguir uma plataforma inercial para o VLS – a saga Almaz.

Comentários

  1. Não é esta empresa que produz ou produziu o famoso sistema de defesa aérea S-300?
    A plataforma inercial fornecida para o VLS era baseada em qual míssil?

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