PORRADA – parte I
Após a implantação do RJU em 1990, os funcionários do IAE só poderiam ser contratados através de concurso público, que só veio a acontecer em 2001. Enquanto isso buscou-se outras maneiras de agregar a mão de obra necessária, ainda que de forma provisória.
Foi nesse contexto que surgiu a possibilidade de bolsas do CNPq para
apoio técnico. Foi colocado, como
responsável por providenciar isso junto ao CNPq, um engenheiro que já estava
perto da aposentadoria chamado Whiter (nome fictício).
Fiquei bastante empolgado com a oportunidade e imediatamente preenchi
todos os formulários necessários (e eram muitos) e encaminhei para Whiter,
esperando que em algumas semanas tivesse a resposta.
Passados 2 meses, procurei Whiter pra saber do andamento do meu
processo. Foi quando soube que Whiter
tinha tomado aquela atitude asquerosa que todo burocrata estúpido gosta de
fazer – estava aguardando todos entregarem para encaminhar tudo de uma
vez. Ou seja, igualando os últimos aos
primeiros faz com que todos seja farinha do mesmo saco. Enquanto isso, não faz nada.
Isso já me deixou injuriado e resolvi acompanhar mais de perto o
processo e descobri que ele, na verdade, não estava fazendo nada de nada. Estava ocupando o cargo apenas a espera da
aposentadoria e não queria ter nenhum tipo de trabalho.
Nove meses já haviam se passado até que resolvi tomar uma atitude. Encaminhei uma parte para o diretor,
descrevendo o que estava acontecendo e comunicando o prejuízo que isso estava
causando à instituição, já que deixávamos de ter uma mão de obra tão necessária
às nossas atividades.
Encaminhei a parte numa segunda feira.
Na quinta-feira daquela semana, logo após o almoço, o telefone tocou na
minha sala. Eu atendi e a voz do outro
lado da linha se identificou como o vice-diretor administrativo, o Tenente-Coronel
Gervásio (nome fictício). Então aconteceu
o seguinte diálogo.
Gervásio – Eu recebi aqui uma parte sobre problemas com o Whiter, foi
você quem mandou?
Eu – Sim Coronel, fui eu mesmo.
Gervásio – Você conversou com ele antes de escrever essa parte ?
Eu – Claro Coronel. Umas 6 vezes. Aliás, foi por causa dessas conversas que
resolvi mandar a parte.
Gervásio – Você não é homem!! Venha
aqui na minha sala que eu vou lhe cobrir de porrada!!
Acho que devo ter
algum tipo de unção especial pois nessas horas, diante de um absurdo dessa magnitude,
sempre mantenho a calma e a lucidez.
Então respondi:
Eu – Que é isso Coronel. Claro
que sou homem, eu assinei em baixo da parte!
Já com relação a ir à sua sala eu irei à sala do diretor e quero lhe ver
dizer isso na frente dele!
Após alguns instantes
de silêncio, concluí – mais alguma coisa Coronel ?
Gersásio – por enquanto
e só.
Desliguei ainda atônito e incontinente liguei para o Coronel diretor –
que sempre fora um profissional sério e até hoje somos amigos. Expliquei para ele o ocorrido e concluí que
iria sair do expediente para ir na delegacia mais próxima fazer um boletim de
ocorrência, pois minha integridade física havia sido ameaçada. O diretor então me aconselhou a procurar,
primeiramente, a ouvidoria do CTA e meu deu um telefone e a pessoa com quem eu
deveria falar.
Liguei então para o Tenente-Coronel Temístocles (nome fictício) e
relatei detalhadamente o ocorrido e que exigia um pedido de desculpas caso
contrário iria fazer um B.O. Temístocles
conhecia pessoalmente Gervásio e exclamou:
ele ficou maluco? se um juiz
acatar essa denúncia a carreira dele terá acabado.
Então, Temístocles me disse: não faça nada, por enquanto, na
segunda-feira ele vai lhe procurar.
A essas alturas eu
já não estava mais em condições de trabalhar e fui para casa. Só voltei na segunda-feira na expectativa do
que iria acontecer.
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