VIAGEM FANTÁSTICA – parte I
Em novembro de 1995, eu e mais uma equipe de engenheiros estávamos em Moscou acompanhando os ensaios de aceitação da plataforma inercial. Antes dos ensaios terminarem, eu e o engenheiro Contreiro fomos designados para ir a Edimburgo (Escócia) encontrar outra equipe que lá já se encontrava, sob a chefia do Carrara (o mesmo do post régua de cálculo). Lá fomos nós, fazendo conexão em Paris.
Eu já estava
acostumado com esse tipo de viagem e mantinha sempre ao meu lado uma mala tipo
007 (vide post espionagem) contendo toda a documentação referente à viagem bem
como passaporte e dinheiro. De forma que
tudo que eu realmente precisava estava ali pronto para ser levado.
Chegamos em
Edimburgo e fomos direto para um hotel antigo chamado Grosvenor. Já naquele tempo a labirintite estava
assolando minha vida e eu havia tomado Dramin para dormir pois estava com
muitas vertigens.
No meio da noite,
eu acordei completamente atordoado com uma algazarra estranha. Quando comecei a recobrar a consciência,
percebi Contreiro abrindo a porta e Carrara entrando por ela gritando: FOGO! Vamos sair! Ainda meio zonzo, consegui distinguir, então,
que havia um alarme de incêndio tocando bem alto.
Só tive tempo de me
colocar de pé, calçar os chinelos de pano do hotel, pegar a mala 007 e sair do
quarto acompanhando meus colegas. Nesse
percurso, percebi que toda a rota de saída era de estrutura de madeira (o que
me deixou mais tenso ainda) mas não vi nenhum sinal de fumaça.
Havia já bastante
gente descendo as escadas de forma organizada e sem pânico. Parecia treinamento, mas não era. Chegamos rapidamente ao outro lado da rua
onde se aglomerava umas 100 pessoas. Felizmente,
os bombeiros chegaram logo (em menos de 10 minutos). Contudo, minha situação era curiosa. Eu estava na rua, somente de pijamas com chinelos de pano nos pés, com uma enorme mala 007 nas mãos, além de um detalhe
importantíssimo. Estava fazendo perto de
ZERO graus.
Conforme a
adrenalina foi baixando eu comecei a tremer de frio, a ponto de quase não conseguir
falar. Procurei me recostar em uma reentrância
do prédio em frente para diminuir a exposição ao relento. Não fazia ideia de quanto tempo ficaria ali. Os pensamentos voavam e comecei a pensar o que faria se perdesse todos os meus pertences. A parte profissional estava assegurada mas e minhas roupas, remédios e itens de necessidade ?
Felizmente, pouco
tempo depois, os bombeiros começaram a deixar o prédio, havia sido um alarme
falso. Não havia nenhum risco real. Começamos, então, lentamente a retornar aos
nossos quartos. Não precisa dizer que
foi muito difícil retomar o sono.
Logo pela manhã, tomamos
com tranquilidade o Scottish Breakfast.
Obviamente, o assunto era o susto que havíamos passado. Acontece que eu ainda não havia aprendido que
não se deve provar pratos típicos sem alguma cautela. Tomei uma coalhada. O resultado se fez meia hora depois. Passei o dia todo com uma tremenda diarreia que
quase não me permitiu participar das reuniões de trabalho.
A essas alturas eu
já estava pensando: o que falta mais
para acontecer nessa bendita viagem ? Como
verão a seguir, não é bom ter essa postura.
Quando olho para
trás, para experiências como essa, lembro de um texto bíblico que está em Tiago
4:13-15
Agora vós, que dizeis: Hoje, ou
amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e
ganharemos; Digo-vos que não
sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que
aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e
se vivermos, faremos isto ou aquilo.
Dias depois, quando já estávamos para embarcar de volta para o Brasil, recebemos notícia de que os ensaios da plataforma estavam apresentando
problemas e teríamos que voltar pra Moscou.
Aquela viagem fantástica ainda não havia acabado.
Poucas pessoas se dão conta da importância da expansão das redes de fast food.
ResponderExcluirNão importa o lugar do planeta, o lanche é o mesmo. Isso pode ser muito valioso para alguns, pelo menos já me ajudou muito.