OLIGARQUIA
Em setembro de 1985 (fazia apenas 5 meses que eu estava no IAE) fui para a base de Lançamento da Barreira do Inferno (Natal) participar do lançamento do segundo protótipo do SONDA IV.
Era época de
eleições e presenciei uma conversa entre um sub-oficial e um sargento da
aeronáutica. Estavam discutindo sobre em quem iriam votar. Um deles fez a seguinte pergunta: em quem
você vai votar nos Maias ou nos Alves ?
Aquela pergunta me
chamou demais a atenção. Eles não
estavam falando de alguma ideologia nem partido político, muito menos de algum
candidato. Estavam falando de
famílias!! Foi quando finalmente entendi
o que era oligarquia.
Em já tinha ouvido
falar na existência dos “Coroné”, mas achava que isso era coisa do passado (da
época de Lampião) de gente inculta que recebia ordem como gado. Entretanto, eu estava diante de 2 pessoas
com, no mínimo, formação média.
Certamente, não eram ignorantes.
Contudo sua visão de mundo era ver o poder nas mãos de famílias que
dominavam aquelas terras há décadas ou mais.
Não parecia
estranho para eles que famílias inteiras orbitassem em torno do poder por
gerações, vivendo às custas do poder público.
Fazendo com que o destino da região ou do estado (quiçá do país)
estivesse a reboque dos interesses pessoais/familiares e não os da população. Nasceram e cresceram nessa situação e a veem
com normal. Talvez achassem que isso é inexorável
ou imutável. Não é imutável, muito menos
normal.
Isso aconteceu há
quase 40 anos atrás e ainda acontece. Em
minha vida profissional, vi muitas decisões baseadas em egoísmo, vingança ou
interesses escusos. Entretanto, eram
decisões pessoais ou corporativas, nunca familiares. Como poderia um enorme contingente de
cidadãos se conformarem que seus destinos dependam dos interesses de famílias
que legislam apenas em causa própria, deixando para os demais as migalhas ?
Vale a pena essa
reflexão pois estamos novamente em período de eleições. Hoje já não penso em mim mesmo mas para as
próximas gerações. A crise moral em que
o país vive há décadas é o terreno fértil para a continuidade dessa
situação.
Entretanto, estou
otimista em ver que a sociedade brasileira acordou e se politizou. Em um misto de vontade de dar um basta e
auxiliado pelos novos meios de comunicação, há uma fervorosa discussão sobre os
destinos do país. Chega de
oligarcas. Que o governo, governe para o
povo. Que o poder possa, de fato, emanar
do povo.
Um novo porvir é
possível. Não quero que o Brasil viva o
que foi profetizado por Ayn Rand.
“Quando você perceber que,
para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando
comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores;
quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que
pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são
eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é
recompensada, e a honestidade se converte em autos sacrifício; então poderá
afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada” Ayn Rand – A revolta de Atlas
Disso eu posso falar com propriedade, esse fenômeno é simular ao futebol.
ResponderExcluirA compra de votos não é apenas durante a eleição, na verdade ela ocorre quando cargos comissionados são distribuídos, e famílias são sustentadas por esses empregos.
Resumindo, a família do político X cuida da minha família, isso na cabeça de uma criança de 8 anos, não é muito diferente do fanatismo do futebol.
Outro fator interessante, não se ensina a profissão de político, dessa forma, ficando um conhecimento passado de pai para filho.