PLÁGIO

 O “causo” a seguir me foi enviado por um querido amigo e ex-colega de trabalho o general Iberê.  Incentivo os leitores, que tiverem vivenciados situações semelhantes às descritas aqui no blog, que me enviem esses “causos”.

Em 1976, quando Iberê estava no quinto-ano do Instituto Militar de Engenharia IME, ele foi visitar a USP.  Como sendo uma visita formal, havia toda uma formalística para apresentação dos trabalhos que estavam sendo realizados por lá.  É claro que, com orgulho, os professores mostravam os avanços que eles e seus alunos faziam nas várias áreas da engenharia.

Em um dado momento, foi-lhe apresentado, em uma baia de estudo, um terminal de computador onde estava um programa de estatística.  Esse programa foi pretensamente desenvolvido no âmbito de uma tese de mestrado que acabara de ser defendida e aprovada.

Iberê reconheceu o programa que já havia sido instalado no IME e o sabia usar pois havia estudado com ele.  Assim, ele se sentou um frente ao terminal e começou a operar tranquilamente o programa.  Os professores da USP que o acompanhavam ficaram atônitos e com cara de preocupados.  Perguntaram, então, se ele já conhecia o programa.

Iberê respondeu que sim.  Apenas os comandos estavam e português enquanto o que ele conhecia e usava estavam em inglês.  Os professores se entreolharam, mas não fizeram mais nenhum comentário.

De volta ao Rio de janeiro, uma semana após o episódio, Iberê recebe uma carta da USP (era assim que as pessoas se comunicavam na época).  Nessa carta, lhe era informado que a tese havia sido cancelada por plágio e que o aluno seria expulso.  Também agradeciam e pediam desculpas.  Não disseram desculpas de quê mas imagina-se que fosse da vergonha que passaram por apresentar um trabalho que era puro plágio sem que eles mesmos tivessem percebido.

Esse episódio só reforça o que venho enfatizando nesse blog.  A conversa fiada de que a solução para os problemas do país está na educação.  Educação é condição necessária, porém largamente insuficiente.  100% dos picaretas que encontrei e ainda encontro em minha vida profissional são graduados e pós-graduados.  É preciso formação moral antes da educação formal.  Caso contrário, estaremos apenas tornando os malfeitores mais especializados e eficientes.

Recentemente, recebi um vídeo que falava sobre o engano de se dizer que: “a ocasião faz o ladrão”.  Na verdade, a ocasião faz o crime.  O ladrão já vem pronto.

Palmas para a USP que agiu e removeu o malfeitor.  Porém, isso foi há 46 anos atrás.  Acho improvável que, após décadas de ideologização, o mesmo ocorresse hoje.

Comentários

  1. Atualmente os alunos buscam tudo na"Grande Barsa eletrônica" chamada Google. Dizem então q podem usar a criatividade de melhor forma, do q decorar informações largamente difundidas...
    Pessoas preocupadas com esse tipo de trapaça, criaram mecanismos pra identificar esse tipo de coisa nos trabalhos escolares, defesas de tese, etc...
    Portanto o perfil dos malfeitores precisou ser atualizado, agora eles se especializam em burlar os mecanismos anti-plagio...

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  2. A formação moral vem do berço, da família. Por isso a querem destruir, para possibilitar a criação de pessoas sem caráter , que serão simplesmente eliminadas se se voltarem contra seus mandantes.

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