A PROFETISA
Em meados de 1995, chegava eu pela manhã no IAE para trabalhar. Quando, cruzei com Jade (nome fictício), ainda no estacionamento em frente ao prédio. Eu a conhecia de vista pois trabalhávamos no mesmo prédio e na mesma divisão. Entretanto, nunca havia trocado uma única palavra com ela. Jade olhou para mim e disparou: “sonhei com você!”
Parei imediatamente diante de tal declaração. Ela também percebeu que se tratava de algo
que só se deveria dizer para um amigo e não para um total desconhecido e tentou
remendar: “não que eu pense em
você. Eu nunca penso em você!” Achei engraçado a colocação e para
descontrair a situação brinquei: “poxa também não precisa sacanear, né ?”
Ela sorriu e disse: “sério!
sonhei que lhe via recebendo um cheque com um valor muito alto e pensava como o
Waldemar ganha bem”. Só podia ser sonho
mesmo, repliquei. “Meu salário é igual
ao dos demais aqui e é muito baixo”.
Então ela perguntou: “você está para receber algum dinheiro ?”. Não que eu saiba, respondi. Ela arrematou: “pois você vai receber,
aguarde !” Ela então me disse o valor
que via no cheque e seria em torno de 40 mil reais, nos valores de hoje. Ou seja, era muito dinheiro.
O episódio foi estranho e pitoresco e teria sido esquecido
se no mês seguinte eu não tivesse recebido um valor atrasado de uma gratificação
que desde 1990 estava sendo paga a menos.
Eu nem sabia que esse valor seria ressarcido e, pasmem, ela acertou até
a terceira casa decimal !
No dia seguinte eu a procurei para perguntar que história
era aquela. Jade me contou que tinha o
dom da profecia e isso já a acompanhava fazia tempo. Ao contrário do que se possa imaginar, ela
não fazia nenhum alarde sobre isso e não era feliz por ter tal dom. De fato, a fazia sofrer pois não era só
coisas boas que lhes era revelado. Na maioria
das vezes ela via problemas sérios na vida das pessoas que estavam acontecendo
ou que ainda iriam acontecer.
Ela me disse que já havia procurado os padres capuchinhos
(ela é católica) e pedido que eles rezassem por ela para que Deus tirasse esse
dom dela. Fiquei deveras impressionado
com tal posicionamento. Eu lhe
disse: “a maioria das pessoas dariam
tudo para ter o dom que você tem e você não o quer. Acho que foi por isso mesmo que você foi
escolhida para tê-lo. Esmere-se no uso
dele e você será uma grande benção!”
O acabo de descrever foi um fato ocorrido em minha
vida. A interpretação do que poderia ser
ou do seu significado, deixo a cargo do leitor.
Para mim, muitas lições foram deixadas.
É importante perceber que talentos especiais (sejam eles sobrenaturais
ou não) nos identificam mais como pessoas do que como profissionais. O que fazemos com nossos talentos é o que
define o que somos, pois seu uso passa pelo filtro do caráter.
“Bom caráter é para ser mais enaltecido do que talento extraordinário. A
maioria dos talentos é de uma certa forma um dom. Bom caráter, em contraste,
não nos é dado. Temos que construi-lo peça por peça... por pensamentos,
escolhas, coragem, e determinação.”
Em qualquer país em que o talento e a virtude não produzam progresso, o
dinheiro será a divindade nacional.
Isso também já aconteceu comigo, mas na ocasião a mulher (que nem sabia que eu existia) chegou até minha tia e pediu para dar um aviso. Algum tempo depois, a situação aconteceu. Isso não mudou a minha forma de ver o mundo, mas viver a experiência é diferente.
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