JEZABEL – a tese
Alguns meses após meu infarte, fui procurado por uma engenheira, recém-concursada, que trabalhava em outro departamento. Vou chamá-la de Jezabel, por motivos auto explicativos. Jezabel disse que queria fazer mestrado em uma área de responsabilidade da minha equipe e gostaria que eu a orientasse. Perguntei então o que ela sabia do assunto e em poucos instantes percebi que ela não tinha ideia do que estava falando. Eu a aconselhei a estudar um pouco mais sobre o assunto que deveria seguir no mestrado e nos despedimos cordialmente.
Alguns meses depois
Jezabel me procurou novamente. Ela
queria se transferir para minha equipe.
Obviamente, achei estranho e já conhecia tal procedimento. O indivíduo faz concurso para uma determinada
vaga e depois pede transferência deixando a vaga novamente em aberto (vide post
Hobby Remunerado). Além do mais, ninguém
abre mão de funcionário competente.
Como eu estava me
recuperando do infarte, não estava querendo me preocupar além do necessário e
acabei aceitando que ela viesse trabalhar na minha equipe. Pedi que ela se responsabilizasse com todo o
trâmite burocrático para sua transferência e assim foi feito.
Jezabel era muito
alegre e comunicativa (por vezes, em demasia) e se entrosou rapidamente. Entretanto, comecei a perceber que ela não
cumpria o que se pedia, em lugar da tarefa fazia outra que não lhe dizia
respeito e nem havia interesse. Quando
cobrei algo mais conceitual, ela passou a ir na minha sala e gastar um tempo
enorme para que eu a explicasse coisas básicas.
Acabei por perder a paciência e a encaminhei para um colega que era
muito bom no assunto. Esse perdeu as
estribeiras com ela e os 2 ficaram estremecidos. A impressão que me dava é que ela não se
deixava ensinar e, portanto, não conseguia aprender.
Ela pediu, então, para
fazer o mestrado, dizendo que já havia concluído algumas matérias. Eu permiti que ela utilizasse o tempo do
serviço para cursar então as matérias que faltavam. Quando ela disse que havia concluído os
créditos, eu permiti que ficasse em tempo parcial para a dissertação. Periodicamente, eu lhe perguntava sobre o
andamento da tese e percebia que não andava.
Logo aproximou-se o
prazo final para sua defesa e a dissertação não existia. Eu a alertei que iria perder o mestrado. Ela apresentou um monte de desculpas dizendo
que o trabalho não permitia que avançasse.
Então, eu lhe propus que ela ficasse em tempo integral para concluir a
tese. Inclusive se quisesse ficar em
casa. Ela aceitou, mas me pediu que
colocasse isso por escrito. Eu atendi
embora tenha achado estranho.
Quando chegou a uma
semana do “dead line”, o coordenador do curso me procurou me dizendo que
o prazo regimental de Jezabel havia se esgotado. Ele poderia fazer um cambalacho para estender
o prazo em 6 meses se eu assinasse uma petição inventando uma desculpa. Eu disse a ele que não acreditava que ela
pudesse terminar em 6 meses. Foi quando
ele me contou uma novidade: ela havia sido reprovada em algumas matérias e
teria que repeti-las. Resumindo, ela
havia ficado quase 3 anos por conta de um mestrado e nem sequer havia concluído
os créditos. Mesmo que se prorrogasse 6
meses ela não concluiria a dissertação e ainda teria de fazer novamente
créditos. Ou seja, levaria, no mínimo,
mais um ano. Eu não permitiria que
ninguém ficasse ganhando um ótimo salário do serviço público fingindo que
estava estudando.
Então, eu disse para o
coordenador que não seria cúmplice de nenhuma tramoia. Se ele quisesse fazer alguma prorrogação que
o fizesse sem a minha participação. Afinal,
aquela prorrogação de prazo não era regimental, era um cambalacho. Ele teve a cara de pau de dizer que iria
comunicar a ela que, uma vez eu não quiz assinar tal documento, não haveria
prorrogação de prazo. Eu o alertei
fortemente que não fizesse isso pois ela iria entender que perdeu o mestrado
por minha causa e não por sua própria incapacidade. Não deu outra.
No dia seguinte Jezabel
entrou em minha sala furiosa por saber que sua matrícula no mestrado seria
encerrada por decurso de prazo. A
conversa foi tensa embora eu me mantivesse calmo. Quando ela perguntou o que aconteceria com
ela. Eu respondi: “você voltará
normalmente às suas atividades dentro da equipe”. Ela replicou: “e como fica o mestrado ?”
Resposta: “você teve sua chance e não a aproveitou agora vai trabalhar
normalmente”. Jezabel ficou ensandecida
e disse que sairia da equipe. A essa
altura eu estava dando Graças a Deus e lhe disse que ficasse a vontade de
procurar outro lugar.
A partir desse momento
não vi mais Jezabel no prédio. Não me
lembro para onde ela foi. Achava eu que
a questão estava resolvida – só que não.
Algumas semanas depois, fiquei sabendo que a instituição havia recebido uma
comunicação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação dizendo que alguém (e dava o nome) estava perguntando como denunciar um pesquisador. Começava aí a surgir a verdadeira face de
Jezabel.
Bom dia Dr.
ResponderExcluirEm relação ao VLPP, o senhor sabe informar alguma novidade,?
Olá Luiz. acho que já está tudo na internet. qual novidade seria ?
ExcluirO consórcio da Avibras foi desclassificado? A clc pode fornecer soluções para os outros consórcios?
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