DESABAFO
Algum tempo após ter recebido a denúncia ao MPF (postagem Digi-Denúncia) recebi um convite para dar uma palestra falando exatamente sobre a participação em congressos. Era, de fato, irônico ter que falar do assunto que havia me gerado um enorme estresse. Principalmente porque eu já sabia que havia sido um funcionário do meu próprio instituto que havia feito a tal denúncia.
A palestra deveria mostrar
o quanto a participação em congressos agrega conhecimento e troca de
experiências. Com isso, deveria incentivar
os pesquisadores a buscarem essa participação e mostrar como isso poderia ser
feito.
Até aquele momento eu
já havia participado de 26 congressos no exterior. Desses apenas 5 haviam sido custeados pelo
instituto. Os demais foram financiados
pelos órgãos de fomento à pesquisa nacionais (FAPESP, CNPq, CAPES, FINEP) e estrangeiras
(British Council, DAAD - Deutscher Akademischer Austauschdienst). Ou seja, o custo para a organização foi
mínimo. Preparei a apresentação com
essas informações e como conseguir o financiamento. Também falei o quanto isso havia contribuído para
minha carreira em termos de conhecimento.
Havia cerca de 40
pessoas assistindo a palestra. A maioria
ligada aos setores gerencias da organização.
Acontece que pelo fato de o denunciante ter acesso ao diretor, era um indício de que o mesmo trabalharia em algum cargo gerencial.
Assim, eu tinha uma forte suspeita de que o denunciante estaria presente. Por isso, preparei uma surpresinha.
Ao terminar o conteúdo
do assunto, mostrei na tela (através de um power-point) a cópia da denúncia no
MPF. Expliquei o que havia acontecido
para a plateia e disse explicitamente: quem fez isso é uma pessoa covarde e sem
caráter! Trabalhei quase 30 anos nessa organização
me esforçando e dando o meu melhor. Busquei
conhecimento onde fosse possível que agregasse ao esforço do cumprimento dos
objetivos institucionais. 80% dos
congressos que fui não foram pagos pelo instituto. Não fiz isso esperando aplausos, mas não merecia
o que aconteceu – ser denunciado como malfeitor. Quem fez isso devia estar cheio de inveja e
despeito.
Foi um desabafo
e tanto. Lavei a alma naquele momento
pois tinha uma forte convicção que meu denunciante era um dos presentes. Algumas
pessoas, após a palestra, vieram me cumprimentar e prestar apoio.
Eu não mencionei o fato
de que o diretor havia se recusado a revelar o autor. Mas deixei claro que não tinha nada a
temer. Eu não havia feito nada de errado
e já havia demonstrado isso ao MPF. Não
tinha medo de expor a situação publicamente.
Ao contrário do denunciante que havia se escondido no anonimato. Fosse quem fosse, eu o havia exposto à
comunidade. Sua atitude precisava ser
denunciada. Não faço ideia do que o denunciante
achou daquilo.
Para mim, isso punha um
ponto final naquele assunto. Eu já havia
solicitado formalmente minha aposentadoria e agora era me preocupar com a preparação
para deixar a instituição.
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