OUTRA DIMENSÃO
Em fevereiro de 1991, eu e mais 2 colegas fomos fazer um curso especializado em um subúrbio de Paris. O curso tinha duração de 1 mês e deveríamos procurar alguma acomodação perto da instituição. Seria mais barato e mais prático em termos de transporte. Enquanto não a encontrávamos, ficamos em um hotel bem moderno no centro de Paris (não lembro o nome).
Logo que chegamos a esse hotel, fizemos o check-in e
levamos as malas até nosso quarto (que era conjunto). No saguão havia 2 elevadores distados uns 5
ou 6 metros um do outro. Tomamos o
segundo elevador e fomos até o andar de nosso quarto. Ao chegarmos em nosso andar, saímos do elevador,
viramos no sentido do primeiro elevador, em um corredor com portas de ambos os
lados e procuramos nosso número.
Após deixarmos as malas e escolhermos nossas camas,
descemos ao saguão do hotel para obter informações dos arredores do mesmo. Até aí tudo normal. O problema apareceu quando voltamos ao quarto. Tomamos exatamente o mesmo elevador e
apertamos o botão do andar do nosso quarto.
Quando a porta se abriu nos deparamos com algum inusitado. O corredor do hotel não parecia mais o
mesmo. Estava iluminado com uma luz
azulada e já não havia mais 2 elevadores, somente aquele em que acabávamos de
sair. O corredor virava para o sentido
contrário e não havia porta dos quartos.
Ainda bem que eu não estava sozinho. Caso contrário poderia pensar que estava tendo
algum tipo de alucinação. A primeira
reação foi olhar para a porta do elevador para conferir se o andar estava
correto. Estava.
Nossas mentes estavam confusas. Alguns minutos antes, estivéramos naquele
exato lugar e era tudo diferente. Como
assim ? O que estava acontecendo ? Ficou ainda pior quando um dos meus colegas
externou o que estava sentindo. “Será que
entramos em outra dimensão ?” disse ele.
Não houve comentários, mas uma ação imediata e coordenada –
entramos novamente no elevador e voltamos ao saguão. Durante o trajeto, um certo silêncio típico
de filme de suspense, enquanto um pensamento assustador passava pela mente. Será que o saguão ainda está lá ?
Sim estava. Tudo
absolutamente normal. Havíamos retornado
à nossa dimensão. A situação estava em
um momento de tomarmos alguma decisão – o que fazer ? Pensei rápido e falei : “vamos a algum outro
andar diferente.” Os 2 concordaram e
fomos juntos para ver o que acharíamos. Ao
saltar em outro andar ele estava tão normal como o andar em que ficava o nosso
quarto, quando chegamos. Então começamos
a olhar com mais detalhes para entender o que estava acontecendo.
Entre os 2 elevadores havia um grande portal que não havíamos
reparado antes. Estava muito bem
disfarçado. Esse portal separava os
ambientes e estava ligado ao sistema de emergência do hotel. Uma vez acionado, acendia as luzes de
emergência que indicavam a rota de escape (o corredor sem portas). Por algum motivo, ele havia sido acionado em
nosso andar, momentos antes de sairmos do elevador.
Quando concluímos o que, de fato, havia ocorrido um misto
de alívio e decepção. Alívio, pois
aquela sensação de pânico havia passado e decepção, por nos sentirmos idiotas.
A situação pode ser contada como cômica mas ela mostra bem mais do que isso. Como você reage diante de
uma situação completamente inusitada e inesperada ? Nessas horas, pensamentos igualmente
inesperados surgem. Fruto dos critérios
e medos mais profundos do inconsciente. Qual
a melhor maneira de reagir ao inexplicável?
É preciso muito equilíbrio emocional para que não se perca o
controle.
Deve ser assim diante de milagres. Como já presenciei alguns, sei que eles não são
assustadores e sim edificadores.
“O que eu faço não o sabes agora;
compreendê-lo-ás depois.” João 13:7
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