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Mostrando postagens de maio, 2025

CARAMURU

  Em 02 de novembro de 1997, foi feito o lançamento do primeiro veículo lançador de satélites VLS.   Foi o coroamento de esforços de mais de 1000 técnicos e engenheiros por 8 anos.   Infelizmente, um dos 4 motores do primeiro estágio não acendeu e o veículo teve que ser destruído antes do término desse estágio.   Para todos os que trabalharam duro nesse projeto, foi uma frustração bem grande.   A imprensa internacional noticiou o fato, lamentando o ocorrido e dando detalhes técnicos tanto do veículo como da causa do insucesso. Na mesma semana, fomos surpreendidos por uma reportagem, em um jornal nacional de grande circulação, de um articulista que me recuso a nomear.   O título da reportagem: “foguetinho caramuru deu chabu”.   Era uma referência jocosa a uma propaganda da minha infância de uma fábrica de fogos de artifícios chamada Caramuru (um personagem da história do Brasil).   A propaganda dizia: fogos Caramuru não dão chabu.   Com is...

COINCIDÊNCIAS

  Em 22 de agosto de 2003, tivemos uma tragédia para o programa espacial, com o acidente do VLS que vitimou 21 colegas meus.   O foguete, quase pronto para lançamento, teve um acendimento intempestivo que destruiu não apenas o próprio veículo bem como toda a estrutura ao seu redor. Aquela seria a terceira tentativa de se obter uma satelização com um foguete brasileiro.   Evidentemente, tudo o que estava a bordo foi perdido.   Inclusive a plataforma inercial (fundamental ao guiamento do veículo) que havia sido comprada, de forma sigilosa, da Rússia. Então, aconteceu um episódio estranho.   No próximo fim de semana ao acidente, entre sexta e segunda-feira, 5 pessoas diferentes, que não tinham relacionamento entre si (algumas nem se conheciam) me procuraram e fizeram exatamente a mesma pergunta: “quantas plataformas inerciais ainda têm para usar no VLS ?” Aquela era uma informação sensível e comecei achar muita coincidência, em um tão curto período de tempo, ...

OFERECENDO EMPREGO

  Ao final de 1980, já fazia 2 anos que eu estava trabalhando no projeto Roland do IPD, e meu chefe anunciou que havia mais vagas para contratação.   Muito embora eu já vinha observando vários problemas organizacionais (descritos nesse blog) eu ainda mantinha uma enorme empolgação pelos objetivos que estavam diante de mim.   Naquela época eu não tinha maturidade para perceber que, na verdade, estava me afastando dos objetivos e não indo ao encontro deles. Baseado nessa empolgação e aproveitando a oportunidade de estar eventualmente no IME para fazer as cadeiras do mestrado, resolvi procurar os formandos da divisão de eletrônica para lhes contar da possibilidade de contratação para o projeto Roland. Ao chegar em frente da sala do 5° ano, esperei o intervalo, e falei com alguns alunos se estariam interessados em uma proposta de emprego.   Foi muito interessante o que ocorreu em seguida.   Ouvi alguém dizer: oferta de emprego! e logo fui cercado por uns 10 alun...