AVALIAÇÃO
Nos primeiros dias de fevereiro de 1980, logo após retornar das minhas primeiras férias, me dirigi ao meu chefe imediato no IPD (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do CTEx), o major Ábaco (nome fictício). Me sentei em frente à sua mesa e lhe disse que gostaria de ouvir uma avaliação com respeito ao meu desempenho durante o ano anterior. Afinal eu estava trabalhando naquele local fazia um ano (e era meu primeiro ano como engenheiro) e eu estava ansioso para saber se eu estava me saindo bem ou não. Naquela época, eu não tinha ideia de como deveria ser a conduta de um engenheiro.
A resposta de Ábaco foi
inesperada: “todos nós aqui estamos subutilizados”, disse ele. Bem, isso não me ajudou em nada e continuei sem
saber se minha conduta era adequada. Se
eu estava indo bem ou não. Acredito que
eu deveria estar indo bem pois, naquele mesmo ano, recebi um pequeno aumento no
salário. Entretanto, nunca recebi algum
tipo de elogio ou mesmo reprimenda. O pior
é que não recebia nenhum tipo de orientação profissional. Eu dependia exclusivamente da minha
iniciativa.
Durante os 6 anos e 4 meses
que trabalhei naquela organização, nunca passei por um processo de avaliação. Minha primeira avalição só ocorreu ao final
de 1985 quando eu já trabalhava no então Instituto de Atividades Espaciais
(IAE).
Na verdade, nem entendi
direito o que Ábaco realmente estava dizendo.
Sua resposta me deixou confuso. Só
muitos anos depois eu percebi o que, de fato, estava ocorrendo. Efetivamente, estávamos subutilizados. Passávamos os dias à espera de algum curso de
utilização dos equipamentos ou que algum deles apresentasse alguma falha. Evidentemente, se não eram utilizados também
não falhavam.
Uma avaliação de desempenho
deve ter alguma métrica. Ou seja, é baseada
no atendimento de algum tipo de solicitação.
Para isso, é necessário um planejamento de atividades e atribuição de responsabilidades. Nada disso existia ali. Sem uma definição clara de onde se quer chegar
e como, não há como se fazer um planejamento, muito menos uma avaliação.
Não tinha como dar certo.
Isso lembra uma frase de Alice no pais das maravilhas. Senhor coelho como faço pra sair daqui ? Para onde você quer ir ? respondeu o coelho. Qualquer lugar respondeu ela. Então o coelho concluiu: então tome qualquer caminho. Qualquer caminho te leva a qualquer lugar.
Hoje entendo a importância de
uma avaliação pessoal e coletiva. Não se
trata apenas de um instrumento para se atribuir níveis salariais. Permite que o indivíduo possa, ele mesmo dizer
onde quer chegar e se está conseguindo ou não.
Permite a empresa levantar com mais exatidão os custos das atividades. Também dá visibilidade à empresa se está empregando
os recursos humanos no lugar certo, impactando diretamente na produtividade. Uma avaliação que não aponte direções ou conduza
a algum tipo de ação ou atitude é absolutamente inútil.
Certamente Ábaco foi
surpreendido com meu pedido. Sua
avaliação genérica e impessoal – todos nós aqui estamos subutilizados – embora
verdadeira, foi imprestável. Já que não
levou a nenhuma atitude para mudar a situação.
Avaliar não é apenas medir,
mas entender o caminho percorrido e o que ainda precisa ser trilhado. Naquele caso, não havia o que medir pois
nenhum caminho estava sendo trilhado.
“A avaliação é o espelho que
reflete o aprendizado, mostrando não apenas o conhecimento, mas também o
potencial de crescimento.” Frases do Bem
1 Coríntios 11:28 diz: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo...". Este é um ato de avaliação pessoal para garantir a retidão.
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