Postagens

DIFERENTE

  Conforme mencionado na postagem “Pré-Defesa”, para conclusão do meu doutoramento, havia uma exigência de publicação de pelo menos 2 artigos internacionais.   Eu já havia publicado um em 1986 mas não fui apresentá-lo, pois era em Lund na Suécia.   Eu não tinha condições financeiras para bancar a viagem e por não ser ainda doutor não contava com o suporte da agências de fomento. Foi uma grata surpresa quando em 1987 o IAE financiou minha ida a um Colóquio no México para apresentar meu artigo, que havia sido aprovado.   A viagem seria de 3 dias (duração do Colóquio) e lá fui eu para minha primeira apresentação no exterior.   Sendo apenas 3 dias e eu ainda tinha a ideia estúpida de viajar de terno, não haveria necessidade de levar mais que uma mala de mão.   A viajem de ida foi sem problemas.   Já na viagem de volta alguns eventos me marcaram.   O Colóquio terminou em uma quarta-feira e devido ao retorno no meio da semana, não havia voo direto da Cidade do México para o Brasil.   Ent

DESABAFO

  Algum tempo após ter recebido a denúncia ao MPF (postagem Digi-Denúncia) recebi um convite para dar uma palestra falando exatamente sobre a participação em congressos.   Era, de fato, irônico ter que falar do assunto que havia me gerado um enorme estresse.  Principalmente porque  eu já sabia que havia sido um funcionário do meu próprio instituto que havia feito a tal denúncia. A palestra deveria mostrar o quanto a participação em congressos agrega conhecimento e troca de experiências.   Com isso, deveria incentivar os pesquisadores a buscarem essa participação e mostrar como isso poderia ser feito. Até aquele momento eu já havia participado de 26 congressos no exterior.   Desses apenas 5 haviam sido custeados pelo instituto.   Os demais foram financiados pelos órgãos de fomento à pesquisa nacionais (FAPESP, CNPq, CAPES, FINEP) e estrangeiras (British Council, DAAD - Deutscher Akademischer Austauschdienst).   Ou seja, o custo para a organização foi mínimo.   Preparei a apresentaçã

ARVORE DE NATAL

  Como mencionado na postagem 2%, no início da década de 2010, houve um esforço de lançar um veículo com a tecnologia já desenvolvida do VLS.   Buscou-se fazer o máximo possível na iniciativa privada.   Isso pode parecer óbvio que devesse ser feito, mas não era bem assim.   Os empecilhos legais e burocráticos, frequentemente, nos levam por caminhos surreais. Foi decido que a rede elétrica do foguete seria feita na iniciativa privada através do famigerado processo de licitação.   Foi, então, produzida toda uma documentação que embasaria o processo de escolha.   Um dos itens que deveria ser avaliado nas empresas proponentes era sua capacidade técnica para a realização de tal tarefa (extremamente complexa, diga-se de passagem).   Evidentemente que outros tópicos seriam avaliados com preço e prazo de entrega. Após o certame, uma determinada empresa (que vou chamar de Noelense) foi desclassificada pela comissão de engenheiros que avaliou a documentação, por falta de competência técnica

DIGI-DENÚNCIA

  Em junho de 2013 tive a oportunidade de participar do 9th Asian Control Conference que ocorreu em Istambul.   Eu já vinha participando de diversos congressos europeus da área de controle.   Havia, então, uma curiosidade para ver como seria sua formatação.   Como era o mês do meu aniversário, resolvi levar minha esposa junto comigo.   Nada que não tivesse acontecido antes.   Sempre que havia uma oportunidade, tanto de disponibilidade financeira como de tempo, eu a levava comigo em minhas viagens.   A participação no congresso foi financiada pelo projeto SIA.   A viagem de minha esposa foi, obviamente, integralmente paga por mim.   Tanto o congresso como a viagem em si transcorreram sem nenhum problema. Seria apenas mais uma boa lembrança se, algumas semanas depois, eu não tivesse recebido uma notificação do Ministério Público Federal com uma digi-denúncia.   Um desconhecido havia, através da internet, feito uma denúncia contra mim com respeito à viagem feita.   Eu estava sendo acusa

SUSPICIOUS MIND

  Em 2004, durante uma visita a uma grande instituição governamental estrangeira, me foi contado esse episódio.   Eles haviam concluído recentemente, com sucesso, o projeto de um lançador de satélites muito avançado.   Não vou identificar o local por respeito à confidencialidade e também para poupar o vexame. O projeto era extremamente secreto e havia grande temor de sabotagem.   Em um certo momento os mecanismos de inteligência, que monitoravam todo o local onde era desenvolvido o veículo, detectaram um sinal de rádio não identificado, que saía de dentro do campus.   O tal sinal começava juntamente com o expediente e parava com o término do mesmo.   Isso disparou o alarme da inteligência – estamos sendo espionados por algum funcionário!   Ele está transmitindo informações para fora sem que percebamos. Foi montado, então, um grande esquema para identificar o tal espião.   Com a desculpa de desinfecção do local, paulatinamente, foi suspenso o expediente de um prédio de cada vez dent

EFEITO ESPALHAMENTO

Lá pelo início da década de noventa, havia uma subdivisão equivalente à minha que era muito maior e também muito produtiva em termos de documentação.  Nela havia uma tecnologista em informática que, em um determinado momento, estava sem muito o que fazer.  Então, seu chefe, um profissional muito sério, percebendo uma necessidade real e uma possível solução, pediu-lhe que desenvolvesse um software para registrar a documentação da subdivisão. Assim, foi que a tal funcionária Lucinda (nome fictício) começou com esmero a fazer seu trabalho e logo já havia estruturado o que poderia ser a solução para o catalogação da documentação em questão.  Entretanto, durante uma reunião com os chefes de subdivisão, seu chefe reportou o que estava acontecendo ao chefe da divisão o Tenente-Coronel Pascácio (nome fictício).  Pascácio exclamou: mas que ótima ideia!  Diga a ela que em vez de fazer um software para a sua subdivisão, faça para a divisão inteira. Lucinda, inicialmente, se sentiu lisonjead

TESTE PERFUNCTÓRIO

  Por volta de 2011, um colega de trabalho (muito competente) planejou um experimento de laboratório para validar seus estudos de doutoramento.   Tratava-se de estimular, um tipo de acionador eletro-hidráulico de uma junta flexível, com diversos tipos de frequência simultaneamente para avaliar seu comportamento.   Uma vez feito o ensaio notou-se alguns comportamentos não explicáveis pelo modelamento matemático utilizado. Lembrou-se então de que haveria, muito em breve, o que chamávamos de ensaio a quente.   Tratava-se de fazer um teste muito similar ao do laboratório com o motor foguete queimando de verdade.   Assim, incluímos nesse teste o mesmo tipo de estímulo que havíamos feito em laboratório para observar se o tal comportamento se mostraria. Uma vez realizado o teste, tivemos acesso às medidas que foram feitas durante a execução do mesmo.   Mas faltava uma coisa.   Durante o ensaio a quente havia sido feita uma filmagem com uma câmera especial de alta velocidade.   Solicitamos