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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

COPO D’ÁGUA

Em novembro de 2012, eu e uma equipe, fomos visitar uma empresa de sensores especiais numa cidade chinesa chamada Chongquim.   Foi uma experiência muito marcante.   A primeira coisa que me impressionou foi o tamanho da cidade de 32 milhões de habitantes. Ficamos em um hotel 5 estrelas e já na manhã seguinte outra surpresa.   Embora o buffet de café da manhã fosse grande e diversificado, eu não conseguia ver nada que me agradasse.   Notei especialmente que não havia nenhum laticínio.   Não havia nenhum tipo de queijo, nem manteiga, nem yogurt – nada.   Então, tive um pensamento um tanto preconceituoso: será que comeram todas as vacas e não sobrou nada para fazer derivados de leite ?   Somente quando retornei ao Brasil é que fiquei sabendo (não verifiquei) que a população daquela região tem um problema enzimático que os impede de comer derivados de leite.   Por isso, não comercializam. Quando saímos do hotel para trabalhar, comecei a sentir outr...

AS BATATAS

  Em 1992, em minha primeira viagem à Rússia, fomos convidados a participar de um jantar com o vice-cônsul brasileiro em Moscou.   Era um jovem bastante empolgado com o que fazia.   Falava fluentemente russo e gostava tanto de estar lá que já havia comprado uma “datcha ” (pequeno sítio) em uma cidadezinha do interior. Foi ele que, inicialmente, nos disse: a Rússia não é um outro país, é um outro planeta.   Estava ele querendo nos alertar das profundas diferenças culturais que havia entre nós.   Foi durante esse jantar que ele nos contou esse episódio, no mínimo, pitoresco.   Perto da pequena cidade onde ele havia comprado sua datcha, havia uma grande fazenda comunitária (não havia propriedade privada até então).   Quando houve a queda do Muro de Berlin e, em sequência, o fim do regime comunista, os trabalhadores abandonaram aquela fazenda imediatamente. Acontece que, quando isso aconteceu, aquele campo já havia sido preparado com uma grande plant...

MEDALHAS

  Em março de 2012, fui designado pela AEB (Agência Espacial Brasileira) para compor uma comitiva que foi à Ucrânia para avaliar o acordo que o governo brasileiro mantinha com aquele país sobre uma empresa chamada ACS (Alcântara Ciclone Space). A viagem foi longa e cansativa.   Fizemos alguns voos internos e muitas horas de viagem de carro, enfrentando muito frio e neve.   Entretanto, um episódio me chamou muito a atenção.   No meio da jornada houve um feriado nacional de comemoração do fim da segunda guerra mundial. Nesse dia, estávamos em Kiev onde há um grande parque (um museu a céu aberto) em memória da “Grande Guerra Patriótica”.   Você se sente dentro da realidade da guerra, tal a quantidade de armamentos reais expostos (aviões, helicópteros, caminhões, tanques, canhões, foguetes , etc..) Mas o que realmente me chamou a atenção é que, fora do parque, havia um local destinado a cerimônias e, naquele momento, com certo ajuntamento de pessoas.   Me...

PhDeus

Ouvi essa expressão pela primeira vez, quando comecei a trabalhar no IAE em 1985.  Era uma referência jocosa e ao mesmo tempo censuradora ao título de PhD. PhD (Philosofiae Doctor) é o título de pós-graduação equivalente ao doutorado no Brasil.  Era utilizado em grande parte das universidades estrangeiras e remete ao tempo que todo o estudo mais rebuscado seria um ramo da filosofia.  Atualmente, vários países já deixaram essa designação e adotaram o título de Doctor of Science , sem conexão com a filosofia. Acontece que, como PhD se referia a um título no exterior, dava mais status para quem o possuía do que simplesmente Doutor em Ciências.  Mas a crítica não se referia apenas à vaidade ou ao orgulho de obter um título importante (isso seria perfeitamente compreensível).  Havia uma modificação no comportamento de quem era enviado ao exterior para fazer doutoramento. A alcunha de PhDeus se referia àqueles que, ao retornarem com o título de PhD, passavam a v...