O QUEIJO
Em junho de 2007, eu e mais 3 colegas fomos a 2 congressos na Europa. Eram eventos em sequência. O segundo (Bélgica) na semana seguinte ao primeiro (França). Em ambos estávamos apresentando trabalhos. Como em todo encontro desse gênero, há algum tipo de evento social para promover o intercâmbio entre os participantes.
No simpósio da França (Toulouse) o evento foi em uma vinícola onde fizeram uma palestra sobre tipos de vinhos seguida de uma degustação de
queijos e vinhos. Mais tarde foi servido
um pequeno jantar. Como era a última
noite daquele simpósio, no dia seguinte, embarcamos para a Bélgica.
Aí começou a minha saga.
Desde de manhã comecei a ter diarreia.
Isso não seria nada assustador se não se prolongasse pelos próximos 3
dias. Além de ter que correr para o
banheiro várias vezes no dia, estava sofrendo cólicas horríveis. Parecia que meu intestino estavam dando um
nó.
A situação só não terminou em um hospital, graças a um dos
meus companheiros que trouxe em sua bagagem um remédio dos tempos dos nossos
avós, chamado Elixir Paregórico. O danado
do fitoterápico realmente funcionou, diminuindo paulatinamente as cólicas e a diarreia
em si. Ao final do terceiro dia, eu
estava com a cara chupada de tão desidratado.
Em toda a minha vida não havia tido uma diarreia como aquela, mas
sobrevivi.
Eu já havia passado mal com comida na China, na Russia, na Escócia, mas nada que não se resolvesse no mesmo dia e nem com tamanha intensidade. Além do mais, a culinária francesa é mundialmente
conhecida e eu já havia estado na França várias vezes antes. O que poderia ter dado errado naquele dia?
Durante muito tempo, eu comentei esse episódio com amigos
sem entender o que poderia ter me causado aquele mal. Até que, há poucos anos atrás, conversando
com uma médica sobre suas viagens ao exterior eu mencionei o ocorrido. Ela não titubeou em dar um veredito: foi o
queijo ! Como assim, repliquei eu? Eu adoro queijo e sempre o consumi, inclusive
quando estava fazendo curso em Paris (em 1991).
Ela então disse que já havia tido o mesmo problema e
explicou o motivo. Os fazendeiros locais,
que fazem os queijos artesanais (que não são exportados) fazem questão de não
pasteurizar os queijos pois, segundo eles, lhes altera o sabor. Isso faz com que os lactobacilos e bactérias não
tão amigáveis permaneçam vivas naquele tipo de queijo. Como os habitantes locais estão acostumados a
eles não lhes fazem nenhum mal.
Entretanto, para os estrangeiros, que não têm a flora intestinal
preparada, o resultado foi o que se viu.
Como médica ela deixou o alerta – não coma nada no exterior que não
tenha algum selo das autoridades sanitárias atestando a segurança daquele
alimento.
Esse episódio se soma à postagem COPO D’ÁGUA. Não é preciso ser um país exótico ou
esculhambado, para se ter problemas culturais.
Mesmo um país, considerado de primeiro mundo, tem suas idiossincrasias. Elas precisam ser conhecidas para que não se
tornem um grave problema para sua saúde ou mesmo para lidar com o dia a
dia.
Conheci colegas de trabalho que foram estudar no exterior e
retornaram muito antes do previsto por não se adaptarem à sociedade e à cultura
local. Alguns tiveram mais do que
problemas de ordem física, se transformaram em problemas emocionais
graves.
Isso trás à baila uma questão bastante atual que é a aceitação
da diversidade cultural. Aceitação é muito
diferente de respeito. Posso respeitar a
cultura de uma sociedade sem, necessariamente, concordar com ela. No episódio relatado, tive um sério problema
de saúde devido a um hábito local que me foi imposto sem sequer ser informado.
Tão importante como respeitar a cultura alheia é que a minha
cultura também seja respeitada na mesma proporção.
Concordo plenamente com sua conclusão, visto que não chegamos em um país como invasores, fomos convidados para participar de uma missão ou trabalho e sendo assim quem como diz o dito popular quem convida dá banquete ( o melhor que houver)
ResponderExcluirOs três colegas que estavam juntos não comeram o queijo?
ResponderExcluirforam servidos vários tipos de queijo. não sei qual fez mal. eles não tiveram nada. talvez não tenham comido
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